Conferência Geral de Aparecida

Durante a 44a Assembléia Geral da CNBB, em Itaici, os Bispos do Brasil escolherão seus delegados para a Conferência Geral de Aparecida, do Episcopado Latino-Americano e Caribenho. São 22 representantes a serem escolhidos, além dos outros 4 que participarão em vista de seu ofício: o Presidente da CNBB, o cardeal Geraldo Majella Agnelo, os outros dois Cardeais com menos de 80 anos de idade (Dom Cláudio e Dom Eusébio) e o Vice-Presidente do CELAM, Dom Geraldo Lyrio Rocha. Todos os bispos inclusive os eméritos, são elegíveis para participar da Conferência de Aparecida.

O Papa Bento XVI convocou, recentemente, a V Conferência Geral, aprovando também o Regulamento, que deverá reger o grande encontro continental do episcopado. Ele próprio quer estar presente em Aparecida para inaugurar a Conferência Geral, que deverá ter em torno de 160 membros com direito a vez e voto. Haverá ainda convidados especiais, representando os Conselhos das Conferências Episcopais da Europa, África e Ásia e também estarão presentes alguns bispos de Portugal, Espanha, Estados Unidos e Canadá. Observadores de outras Igrejas cristãs, em diálogo ecumênico com a Igreja Católica, serão convidados como observadores. Não faltarão representantes dos religiosos, leigos, presbíteros e alguns peritos. Ao todo, umas 250 pessoas deverão compor a grande Assembléia eclesial.

As contribuições da Igreja no Brasil e do episcopado brasileiro são muito esperadas. A própria escolha de Aparecida feita por Bento XVI, para sede da V Conferência, aponta nessa direção. O Brasil continua sendo o país com a maior população católica do mundo; o rumo dado à vida eclesial e à evangelização em nosso país tem ressonâncias em todo o Continente. E os delegados do nosso episcopado na V Conferência poderão oferecer para toda a Igreja da América Latina e do Caribe as ricas experiências missionárias e de vida eclesial, em todos os níveis, realizadas por milhares de paróquias, comunidades de base, pastorais, movimentos, associações de fiéis e grupos por toda parte.

A preparação da V Conferência, agora em andamento nos diversos níveis e nas diversas organizações da vida eclesial, visa o envolvimento de toda a Igreja nesta Conferência do episcopado; as reflexões feitas sobre o tema, em base ao “Documento de Participação”, ou nos numerosos eventos preparatórios promovidos no Brasil e em todo o continente, oferecerão certamente, contribuições de grande valor para o desenvolvimento da Conferência Geral de Aparecida.

Estes são, de fato, os propósitos da V Conferência: No início do 3º milênio cristão, fazer o ponto sobre a vida e a missão da Igreja na América Latina e no Caribe, onde estão concentrados cerca de 50% dos católicos do mundo inteiro; fazer também o ponto sobre a vida da sociedade e dos povos, no meio dos quais a Igreja está inserida; perceber os principais desafios postos à missão da Igreja nesta parte do mundo e traçar, em grandes linhas, as orientações e ações a serem priorizadas e seguidas nos próximos anos na ação evangelizadora da Igreja.

O tema da Conferência de Aparecida – “discípulos e missionários de Jesus Cristo para que nele nossos povos tenham vida. Eu sou o caminho, a verdade e a vida” – indica quais serão as questões a serem priorizadas: Os católicos, assim como a Igreja toda, são discípulos de Jesus Cristo e deverão encontrar nele a permanente referência para sua identidade e orientação para sua ação. Ao mesmo tempo, são missionários enviados aos povos, para tornarem presente e operante entre eles a mensagem de Jesus e sua proposta para a vida do mundo. A presença missionária dos cristãos na vida e na cultura dos povos Latino-Americanos e Caribenhos deverá ser um dom e uma grande ajuda para que esses mesmos povos superem os sinais de morte que ainda os marcam e alcancem vida mais plena, que se manifeste na justiça social, na solidariedade efetiva e na paz social.

A tarefa da Conferência Geral de Aparecida é grandiosa; ela será mais uma vez ocasião para assimilar, num contexto profundamente mudado, os grandes impulsos vindos do Concílio Vaticano II e da celebração do Grande Jubileu do 2º milênio cristão. Dela se espera um vivo ardor missionário, a partir de uma renovada consciência sobre o precioso dom do Evangelho para a vida e a cultura dos nossos povos.

Dom Odilo P. Scherer

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