A espiritualidade do missionário foi o tema estudado hoje, 7, no Congresso Missionário de Seminaristas, que acontece, desde domingo, 4, em Brasília. O padre Joachim Andrade, indiano radicado no Brasil há 18 anos e provincial dos padres do Verbo Divino, no Paraná, fez a conferência sobre o tema.
Segundo o conferencista, é necessário dar mais destaque ao ser do que ao fazer do padre. “A nossa formação deve oferecer as possibilidades aos candidatos de terem uma experiência direta de Deus. O fazer do sacerdote é mais destacado ao longo da formação do que o ser do sacerdote”, disse.
Padre Joachim disse, ainda, que a espiritualidade de cada um é aprendida com os pais, na Igreja, na escola , mas que isso está desaparecendo na medida em que a pessoa vai se deslocando. “Isso deve ser recuperado”, defendeu.
Ele chamou a atenção, também, para a necessidade de uma espiritualidade inculturada do missionário. “Ao nos aproximarmos de outro povo, outra cultura e outra religião, nosso primeiro dever é tirar os sapatos, pois o lugar do qual estamos nos aproximando é sagrado. Caso contrário, podemos nos descobrir pisando no sonho de outra pessoa. Mais sério ainda: podemos esquecer que Deus estava lá antes que chegássemos”.
De acordo com o padre Joachim, a espiritualidade deve ser movida pela capacidade da pessoa de ouvir, ver e ser fiel. “A fidelidade não está em recusar a mudança, mas em fazer todas as mudanças necessárias para trazer de volta os ideais a partir dos quais operamos. Fidelidade não é a estabilidade do lugar, mas do coração”, acentuou.
A conversão foi outro aspecto ressaltado pelo conferencista como necessário para uma espiritualidade missionária. “Na mudança do paradigma da missão, a conversão pessoal do formando ou do missionário deve ser valorizada ao longo da caminhada”.
Ele aponta quatro conversões fundamentais: do ativismo à contemplação; do individualismo à colaboração; da conquista ao diálogo e evangelizar e ser evangelizado. “Evangelizar e ser evangelizado apresenta um quadro em que o missionário deve ir para a missão com meia mala para que seja preenchida com os elementos de outra cultura. Ir para a missão com a mala chei” pode trazer riscos para a atividade missionária”, concluiu.