Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

A confiança e a esperança são frutos de um comportamento sadio e responsável, porque as pessoas naturalmente já nascem constituídas de energias boas ou ruins. Então, é fundamental a escolha do formato que vai definir o tipo de conduta a ser praticada. Mas a sustentação não está na própria pessoa, e sim na certeza da presença fecunda de Deus na realização de seus atos.

As Celebrações do Tempo do Advento, em preparação para o Natal, são um despertar vigilante de esperança e confiança, que acontece no encontro pessoal com o Menino Jesus. Na verdade, é a Palavra divina que se faz carne, é Deus que se torna humano e vem morar entre os humanos para ajudá-los a sair do desânimo e do comodismo e poder sustentar sua capacidade de realizar vida nova.

A dignidade cristã e a confiança em Deus não podem ser diminuídas pelas crises nos setores da política, da economia ou da realidade social. Presenciamos uma profunda degradação na prática da justiça, uma preocupante desonestidade de muitas lideranças e exploração do povo em diversas circunstâncias. A sociedade marcada pelo consumismo precisa mudar de rumo para ajudar o povo.

As armas usadas na desova injusta de tanta gente precisam transformar-se em instrumentos de construção do bem. Na área rural devem ajudar no cultivo da terra para produzir alimento para a população. No âmbito das cidades, muito marcadas pela violência indiscriminada, é urgente trabalhar o sentido da paz, da fraternidade e do valor da vida humana, para despertar a esperança.

As relações praticadas na convivência interpessoal precisam ser humanizadas, superando todo espírito de desconfiança e de medo no seio da comunidade, aquilo que dificulta o clima da confiança e da esperança. A chegada de mais uma Festa natalina é espaço e tempo propícios para consolidar a confiança e a fé das pessoas em Deus. Isto significa que a esperança cristã é capaz de dar segurança.

O alvo da confiança e da esperança é o Reino de Deus. Os reinos da terra são vulneráveis e passam. Eles não dão sustentação, porque falta a fundamentação na Palavra de Deus. Por isto, o Papa Francisco convida os cristãos para celebrar um “Ano da Palavra de Deus”, criando momentos formativos sobre o Livro Sagrado e a descoberta do caminho que conduz à plenitude da esperança.

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