Jesus quis escolher homens simples para governar sua Igreja. Ele bem dissera, referindo-se aos apóstolos: “Quem vos ouve a mim ouve; quem vos despreza, a mim despreza!” Não é sem motivo sua afirmação a Cefas, ou Pedro, dando-lhe o grande encargo de governar sua grei: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15.16.17).

O Mestre conhecia bem o humano da Pedra por Ele escolhida para reger sua Igreja. Homem como outros. Até O trairia. Mas o humano de Pedro também colocaria sua parte: à pergunta repetida três vezes, o apóstolo também deu sua resposta positiva a cada vez; depois da traição, arrependeu-se amargamente. É verdade que a Igreja é humana, como Jesus. Ele é um Deus humano. Porém, não pecou como nós, mas nos ensinou como os nossos limites de seres falíveis podem ser superados, vivendo na graça de Deus com a Sua ajuda e nosso esforço para correspondermos ao Seu amor. Pedro recebeu a firmeza da graça de Deus, que o fez perseverante na missão. A promessa de Jesus foi realizada no primado de Cefas. Este dá consistência à unidade da Igreja do Senhor, conforme Sua palavra: “As portas do inferno não prevalecerão contra minha Igreja”.

Conhecer Cefas nos faz reforçar o ato de fé em Jesus. Fosse apenas pelo olhar horizontal do humano dele, não seguiríamos com perseverança os passos do Mestre. A Igreja instituída sob o comando de um homem, com a missão dada pelo Senhor, oferece meios adequados para termos condição de sustento e perseverança na fé. Hoje às vezes se busca muito a religião como um mercado da fé, para a satisfação do desejo de se estar bem material, psicológica e religiosamente. A fé consistente, no entanto, nos faz voltar à pessoa do Mestre e executar o que Ele nos indica, mesmo renunciando ao comodismo e aos desejos subjetivos, nem sempre coadunados com o sentido da vida apresentado por Jesus. Conhecer Pedro e sua missão nos leva ao envolvimento na causa da Igreja, de ser luz indicativa do caminho de Cristo. Quanto mais a ajudamos a superar seus limites humanos, mais nos tornamos autênticos discípulos e fazemos da vida a missão do anúncio do Senhor e sua proposta de amor.

Até Paulo, uma vez convertido, foi a Cefas, confrontando seu ensinamento com o d’Ele, para a fidelidade necessária à grande missão apostólica: “Fui a Jerusalém para conhecer Cefas e fiquei com ele quinze dias” (Gálatas 1, 18). Todos nós nos dirigimos também a Pedro quando procuramos viver unidos e em sintonia com quem tem a autoridade outorgada por Jesus para nos garantir a vida de fé coerente com o desejo de Jesus. A comunhão eclesial é essencial para vivermos obedientes ao Mestre. A superação de nosso individualismo é necessária. Precisamos sempre rever nossa vida de membros conscientes da Igreja de Cristo. Só assim superaremos o isolamento e desvio de encaminhamento da vida cristã. Em comunhão com os sucessores dos apóstolos unidos a Pedro, somos capazes de coerência com nosso batismo e temos a graça de Deus para conseguirmos a salvação por Ele prometida.

O humano das pessoas da Igreja é bem canalizado para a superação dos próprios limites, quando cooperamos com a graça de Deus e nos ajudamos uns aos outros a sermos seus verdadeiros discípulos e missionários. Somos instados a pedir sempre a Deus para que Cefas nos ajude a viver na unidade.

Dom José Alberto Moura

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