O Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) esteve reunido na manhã desta quarta-feira, 19 de outubro, de forma virtual. A Presidência da CNBB, os presidentes das Comissões Episcopais Pastorais, assessores e representantes de organismos vinculados à Conferência trataram de diversos assuntos sobre a realidade brasileira e a respeito das ações da Igreja no Brasil.
Foi apresentada a análise de conjuntura sociopolítica, econômica e social. Os bispos também fizeram apontamentos sobre a etapa presencial da 59ª Assembleia Geral da CNBB; refletiram sobre as sugestões de tema para a Campanha da Fraternidade 2024 e a respeito de uma proposta de motivação pela reconciliação e a paz na sociedade brasileira. Eles também trataram das projeções para o calendário de encontros dos conselhos e da Assembleia Geral próximo ano.
Houve ainda um momento de partilha sobre as celebrações dos 70 anos da CNBB e sobre a 10ª Assembleia Nacional dos Organismos do Povo de Deus. Foram oferecidos informes sobre a pesquisa da saúde do clero e sobre as ações da Comissões Episcopais Pastorais.
Análise de conjuntura
O primeiro ponto a ser abordado na reunião foi a análise de conjuntura sociopolítica, econômica e cultural, apresentada pelo bispo de Carolina (MA), dom Francisco Lima Soares. O material focou na política brasileira e internacional, mas sem abordar o impacto da questão política na religião, pois já o fez em outra oportunidade. O grupo entende que seja necessária uma profunda análise eclesial sobre a temática.
No cenário internacional, destaque para os resultados das eleições italianas; as dificuldades no sistema financeiro europeu; o baixo crescimento econômico no continente e os conflitos na Ucrânia, com a “chantagem” russa sobre o fornecimento energético e a possibilidade de uso de armas de destruição em massa.
Sobre o Brasil, a análise observou que o ambiente econômico teve situações favoráveis, dada a queda no ritmo da inflação. Os serviços estão retomando, o desemprego caiu e o nível de ocupação da população que busca trabalho se elevou. Tal contexto, de acordo com a análise do Grupo Padre Thierry Linard, “favorece um discurso ufanista e deslocado de tendências menos circunstanciais por parte dos integrantes do governo, apesar do quadro social permanecer demonstrando situação crítica e das projeções preocupantes para 2023”.
Dom Francisco também apresentou dados sobre o cenário da eleição presidencial e sobre os eleitos para o Legislativo. Neste ano, houve uma renovação cerca de 8% menor em relação às eleições de 2018. Foi prometida uma análise mais completa sobre o quadro político para a reunião do Conselho Permanente, em novembro, após o resultado definitivo do pleito. Nas reações dos bispos e assessores, no entanto, foi apresentada a preocupação com a comunhão da Igreja diante da radicalização da polarização e a instrumentalização religiosa, além do apontamento da influência do orçamento secreto no resultado das eleições, principalmente para o legislativo, e na governabilidade a partir de 2023.
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Etapa presencial da 59ª AG
Os bispos puderam partilhar impressões sobre a etapa presencial da 59ª Assembleia Geral da CNBB, realizada em Aparecida (SP), de 28 de agosto a 2 de setembro. Para o bispo de Tocantinópolis (TO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB, dom Giovane Pereira de Melo, os três verbos sugeridos pelo secretário-geral da CNBB, dom Joel Portela Amado, “conviver, votar e rezar” foram cumpridos.
Vários apontamentos positivos foram feitos sobre a estrutura programação, as votações e a análise prévia dos materiais que seriam colocados em votação. O bispo de Santo André (SP) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé, dom Pedro Cipollini, sugeriu que seja feita na próxima assembleia uma “profunda análise de conjuntura eclesial”.
Campanha da Fraternidade
Na preparação para os 60 anos da Campanha da Fraternidade realizada em âmbito nacional, o assessor de Campanhas da CNBB, padre Jean Poul Hansen, apresentou uma sugestão de tema para ser abordado na edição de 2024, que marcará as seis décadas da iniciativa realizada nacionalmente. A ideia da temática é trabalhar a dimensão social da fé, presente nos 60 anos da CF, bem como “sua fundamentação e importância indispensável”.
Após as indicações dos bispos, que reforçaram a necessidade de um “reencantamento” pela CF e sugeriram outras definições para a expressão que será o mote da campanha de 2024, o Setor de Campanhas vai formular as alternativas para aprovação pelo Conselho Permanente.
Nesse contexto celebrativo, foi anunciado um encontro, marcado para novembro, com os ex-secretários executivos de Campanhas da CNBB.
70 anos da CNBB
O primeiro vice-presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, partilhou com os membros do Consep sobre as celebrações dos 70 anos da CNBB, particularmente as realizadas na última semana, durante os festejos de Nossa Senhora Aparecida, no Santuário Nacional, e em Brasília.
Dom Jaime destacou a dimensão do reconhecimento do trabalho que vem sendo feito nas últimas décadas e o comprometimento de toda “a nossa grande família da conferência”. O bispo também recordou a missa presidida pelo núncio apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro, no dia do aniversário da CNBB, em 14 de outubro. Na oportunidade, a homilia do representante do Papa Francisco no Brasil foi de “reconhecimento, promoção e apoio à conferência”.
Também no dia 14 de outubro, houve a inauguração do auditório São João XXIII e da Casa Dom Luciano, ambos os espaços no complexo do Centro Cultural Missionário, na Asa Norte de Brasília. O primeiro evento realizado no espaço após a inauguração foi a 10ª Assembleia Nacional dos Organismos do Povo de Deus. O secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, relatou o número de participantes, os temas abordados e as principais conclusões do evento, das quais se destaca a Mensagem ao Povo de Deus.
Saúde do clero
Outro tema abordado na reunião desta manhã foi a pesquisa sobre a saúde integral do clero. O bispo de Novo Hamburgo (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, dom João Francisco Salm, contou que após a etapa presencial da Assembleia, o grupo de clérigos e especialistas que trabalha na pesquisa fará a leitura dos dados coletados e, juntando com outros dados, irá fornecer indicações e dar uma resposta aos bispos e aos padres “como responder a essas dificuldades todas que o clero vem sentindo para que se tenham programas que tenham em vista a saúde integral”.
O grupo deve entregar um material para a Presidência da CNBB avaliar como proceder a partir das sugestões dos especialistas, quais passos podem ser desenvolvidos na sequência como projetos.
Antes do fim da reunião, os presidentes das Comissões Episcopais para a Comunicação, para a Vida e a Família, para o Laicato, para a Ação Missionária fizeram informes sobre as atividades realizadas e iniciativas promovidas.