Consistório Ordinário Público terá a criação de dom Jaime como cardeal da Igreja: conheça o rito conduzido pelo Papa

Neste sábado, 7 de dezembro, o Papa Franciso celebrará o décimo Consistório Ordinário Público para a Criação de novos cardeais de seu pontificado. A cerimônia marca a entrada de novos membros no Colégio Cardinalício, que são os colaboradores mais próximos do Papa e os responsáveis pela eleição de um novo bispo de Roma no caso de um Conclave. Entre os 21 escolhidos por Francisco, está o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, que também preside o Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam).

Significado

O termo “Consistório” tem origem no latim e significa “reunião” ou “conselho”. E esse é o nome dado às reuniões do Papa com o Colégio de cardeais. Nos Consistórios Ordinários Públicos, são criados novos cardeais, e nos extraordinários são debatidos assuntos importantes sobre a missão da Igreja.

Consistório realizado em setembro de 2023 | Foto: Vatican Media

 

Colégio de Cardeais

Sobre o Colégio de Cardeais, o Código de Direito Canônico o define como um Colégio peculiar com a competência de eleger o Romano Pontífice, o Papa, e tratar juntos questões importantes para auxiliar o Papa no governo da Igreja universal.

Sua origem histórica remete à Igreja antiga, quando o Papa tinha como colaboradores alguns presbíteros responsáveis pelo cuidado das mais antigas igrejas de Roma, diáconos que administravam o Palácio de Latrão e os sete departamentos de Roma, e os bispos suburbicários, ou seja das dioceses próximas de Roma. A partir dos colaboradores nasceram os cardeais e as três ordens: os cardeais-bispos, os cardeais-presbíteros e os cardeais-diáconos.

A ordem episcopal é composta pelos cardeais que possuem o título das Igrejas suburbicárias (as sete dioceses cardinalícias localizadas em torno de Roma, na região do Lácio). Já as ordens presbiteral e diaconal são formadas pelos cardeais aos quais o Papa designa um título ou diaconia da Cidade de Roma.

Há no Colégio Cardinalício o cardeal Decano, que possui o título da diocese de Ostia.

A missão de eleger um novo Papa, em casos de morte ou renúncia do pontífice, foi restrita pelo Papa Nicolau II, em 1059, apenas aos cardeais bispos romanos e não mais ao clero da diocese de Roma. Em 1179, Papa Alexandre III ampliou este direito a todos os cardeais. No século XII, começaram a ser nomeados cardeais também os prelados residentes fora de Roma.

Uma marca do pontificado do Papa Francisco em suas nomeações para o cardinalato é que haja a representação da Igreja universal.

“A proveniência deles expressa a universalidade da Igreja que continua a anunciar o amor misericordioso de Deus a todos os homens da terra. A inclusão na diocese de Roma manifesta, portanto, o vínculo inseparável entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares espalhadas pelo mundo”, afirmou o Papa Francisco no dia do anúncio, em 6 de outubro.

Rito da criação de novos cardeais

Marcado para este sábado, às 16h de Roma, e às 12h de Brasília, o Consistório tem um rito próprio. O Papa Bento XVI, em um de seus consistórios realizados, disse que o rito “exprime o valor supremo da fidelidade”.

Destacam-se na cerimônia a imposição do barrete cardinalício, uma peça do vestiário litúrgico na cor vermelha usa sobre a cabeça dos cardeais; a entrega do anel e a atribuição do título ou da diaconia.

O rito está estruturado da seguinte forma:

  • Canto inicial;
  • Oração;
  • Leitura do Evangelho;
  • Meditação do Papa, seguida de silêncio para reflexão pessoal;
  • Leitura da fórmula de criação e proclamação dos nomes dos novos cardeais, seu título ou diaconia;
  • Profissão de fé e o juramento de fidelidade;
  • Entrega das insígnias: cada novo cardeal se aproxima do Papa e se ajoelha diante dele para receber o barrete cardinalício, o anel e a atribuição do título ou diaconia;
  • Entrega da bula de criação dos cardeais e da atribuição do Título ou Diaconia;
  • Beijo da paz;
  • Oração dos fiéis e a recitação do Pai Nosso e
  • Benção final
Barrete cardinalício dos cardeais impostos nos eleitos | Foto: Vatican Media

 

O que são cardeais eleitores?

No Conclave, nem todos os cardeais participam, somente os cardeais eleitores, aqueles com menos de 80 anos de idade. Os maiores de 80 anos são os chamados não-eleitores, que apesar de não participar do conclave, continuam a apoiar o Papa e a desempenhar papéis significativos na Igreja.

Também são os cardeais eleitores que podem ser eleitos Papa, de acordo com regra criada por Paulo VI em 1970.

 

Quem pode ser nomeado cardeal

Até o século XX os leigos também podiam ser nomeados cardeais e logo depois recebiam a ordenação diaconal, mas em 1918, Bento XV decidiu que todos os cardeais deveriam ser ordenados presbíteros. João XXIII decidiu que deveriam ser ordenados bispos. Atualmente os cardeais podem ser livremente eleitos pelo Papa entre os clérigos que tenham recebido pelo menos o presbiterado. Os últimos três Papas, elevaram à dignidade cardinalícia também sacerdotes com mais de 80 anos, portanto sem direito a voto no Conclave.

 

Números de cardeais

Atualmente, a Igreja possui 232 cardeais, dos quais 120 são eleitores num futuro conclave. Com o consistório deste sábado, o número subirá para 253 cardeais, sendo 140 eleitores.

O Papa Francisco chega ao décimo conclave voltado para a criação de novos cardeais. No total, ele terá criado 149 cardeais em seu pontificado. Até o momento, são 128 cardeais criados, dos quais 90 são eleitores.

Com o novo consistório, os números serão os seguintes

  • 253 cardeais
  • 140 eleitores
  • 113 não eleitores

Os cardeais brasileiros são os seguintes:

  • Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida (SP)
    Criado cardeal por Bento XVI – cardeal não-eleitor
  • Cardeal João Braz de Aviz, prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica
    Criado cardeal por Bento XVI – cardeal eleitor
  • Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo (SP)
    Criado cardeal por Bento XVI – cardeal eleitor
  • Cardeal Orani João Tempesta, O.Cist. arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
    Criado cardeal por Francisco – cardeal eleitor
  • Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, O.F.M., arcebispo de Manaus (AM)
    Criado cardeal por Francisco – cardeal eleitor
  • Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador (BA)
    Criado cardeal por Francisco – cardeal eleitor
  • Cardeal Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília
    Criado cardeal por Francisco – cardeal eleitor

 

Como um cardeal se veste

Os cardeais usam as vestes semelhantes às dos bispos, com batina preta com botões, abotoaduras e forro vermelho. A exceção é a faixa usada na cintura, o solidéu e o barrete, ambos na cor vermelho púrpura. Essa cor retoma o sinal de disponibilidade ao martírio.

 

 

Como acompanhar as celebrações:

Consistório Ordinário Público
sábado, 7 de dezembro, às 12h (horário de Brasília)
Transmissão: www.youtube.com/@CNBBNacional

Missa da Solenidade da Imaculada Conceição, com novos cardeais e o Colégio Cardinalício
domingo, 5h30 (horário de Brasília)
Transmissão: www.youtube.com/@CNBBNacional

Para saber mais:

O Colégio Cardinalício – Vaticano

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