Dom Benedicto de Ulhoa Vieira
A infausta notícia da recente morte, por assassinato em Belo Horizonte de um cidadão de Uberaba conhecido e estimado, além de tristeza que atingiu os que o conheciam e estimavam, traz ou desperta o medo em todos que, por qualquer motivo, tenham de caminhar pelas ruas movimentadas das cidades maiores e mesmo de nossa Uberaba. Constrangedor este fato, que infelizmente não é o único nem o primeiro. O uberabense, que nos deixou, partiu pela bala de um revólver nas mãos de um assassino.
As circunstâncias deste crime dão ao fato cores ainda mais cruéis. Era a vítima um pai de família, cidadão estimado e correto, que tinha ido receber na Caixa Econômica a primeira remuneração pecuniária de sua recente aposentadoria. Estava em rua movimentada da Capital, acompanhado por pessoa de sua amizade despreocupadamente. Por certo, lá dentro da Caixa, onde recebera o salário, estava algum comparsa do assassino que passou a este o fato de ter visto o aposentado, agora vítma do roubo e da bala assassina, com certa quantidade dinheiro no bolso. Não se tem segurança neste país.
É difícil a alguém, que tenha sido assaltado, poder exprimir o susto, o terror, a total incapacidade de defender-se.
Eu o sei. Fui assaltado duas vezes à noite, quando morava no Palácio Episcopal. Casa antiga, de aparência vistosa, parece despertar no ladrão a certeza de um golpe compensador. De fato, perdi a cruz peitoral, que eu herdara de um bispo falecido, o anel episcopal e algum dinheiro da carteira.
Na segunda vez, o ladrão reclamou por não ter achado nada que compensasse o assalto. Mas saí com vida, apesar de ter sido brutalmente amarrado na cama.
Um assalto faz refletir sobre dois pontos. O primeiro é a fragilidade da vida humana, que diante da arma do assaltante, se sente impotente. Daí a ineficácia de querer defender-se.
O segundo é sobre o que faz uma pessoa descer a este nível de maldade, estupidez, de insensabilidade pétrea que o leva a roubar, agredir, matar a vítima, sem nenhum temor de Deus e mesmo das consequências legais do crime.
A tristíssima notíca da morte recente, em Belo Horizonte, de um dos cidadãos conhecidos e estimados de nossa cidade, além de tristeza e do constrangimento dos que o conheciam e estimavam, traz certo medo a todos os cidadãos que, por qualquer motivo, tenham de caminhar por ruas movimentadas de nossas urbes. Constrangedor este fato atual, que infelizmente não é o único nem o primeiro.
Nosso anseio é que tais fatos não se repitam nem aqui nem alhures. E que Deus, Senhor único de nossas vidas, dê força à família enlutada para superar a provação pela qual está passando.