Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul
Caros diocesanos. Dentro do processo unitário da Iniciação à Vida Cristã, a Diocese de Santa Cruz do Sul está dedicando, em 2020, atenção especial para o sacramento da Crisma ou Confirmação, assim como já acontecera com os sacramentos do Batismo (2018) e da Eucaristia (2019). Num primeiro momento, sempre tentamos envolver a todos os fiéis da Igreja particular a fim de retomar e aprofundar nossa vida cristã relativa aos sacramentos assumidos e suas consequências para toda vida. A seguir, o grande objetivo é proporcionar a catequistas, catequizandos e toda comunidade cristã um novo espírito catequético, com características menos doutrinais e mais litúrgicas, orantes e mistagógicas. Isso não significa que pode haver descuido com o conhecimento intelectual, mas a fé cristã é primeiramente considerada como adesão a uma Pessoa e não a uma doutrina. Portanto, a preocupação maior é proporcionar o encontro com essa Pessoa a quem a vida do catequizando está sendo ligada. Vemos que a liturgia e a catequese andam juntas, são inseparáveis. Portanto, não basta a formação doutrinal. Da mesma forma, ela não pode ser apenas individual ou celebrativa, sem inserir na comunidade de fé. Isso nos ajuda a compreender melhor porque não há celebrações normais do sacramento da crisma no tempo da pandemia.
A partir desta atualização catequética surgem também as questões práticas para serem definidas e assumidas em conjunto, a fim de atingir os objetivos do processo refletido e aprofundado. Estas acabam por exigir diretrizes orientativas de unidade do processo para toda diocese. A elaboração terá que ter participação das bases comunitárias, sobretudo, dos principais agentes envolvidos no processo (clero, catequistas, conselhos e outras lideranças), a fim de que se tome praticável e obtenha caráter de compromisso assumido por todos, tendo em vista a comunhão diocesana.
Mesmo que a pandemia tenha atrasado o processo catequético nas comunidades, conseguimos encaminhar as reflexões e diversos subsídios que fazem parte do aprofundamento relativo ao sacramento da Crisma, inclusive, desafiando o ‘ser cristão adulto na fé’, mesmo em tempo da pandemia, no qual o coronavírus covid-19 ameaçou e colheu tantas vidas em todo planeta.
Vamos iniciar hoje a reflexão sobre o sentido teológico-litúrgico e pastoral deste sacramento, através do qual o ungido recebe o Espírito Santo como um dom de Deus. É, portanto, um novo Pentecostes que se realiza na vida da comunidade crista‘, cada vez que este sacramento é celebrado. Não estão mais no Cenáculo de Jerusalém os Apóstolos, com Maria e outros fiéis, mas a Igreja espalhada sobre a face da terra que continua a receber os dons do Espírito Santo pela invocação solene, presidida pelo Bispo ou pelo seu legítimo substituto, quando motiva: “Roguemos, irmãos e irmãs, a Deus Pai todo- poderoso, que derrame o Espírito Santo sobre estes seus filhos e filhas adotivos, já renascidos no Batismo para a vida eterna, a fim de confirmá-los pela riqueza de seus dons e configurá-los pela sua unção ao Cristo, Filho de Deus”. E depois reza, impondo as mãos: “Enviai-lhes o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o espírito de sabedoria e inteligência, o espírito de conselho e fortaleza, o espírito de ciência e piedade e enchei-os do espírito de vosso temor. Por Cristo, nosso Senhor”. E então segue o momento central do sacramento da Crisma, com a unção do óleo na fronte do confirmando, realizada com a imposição da mão: “.\. (Nome da pessoa) RECEBE, POR ESTE SINAL, O ESPÍRITO SANTO, O DOM DE DEUS’.
Agradeçamos a graça de sermos crismados ou de estarmos no processo da
preparação deste sacramento, enquanto aguardamos a próxima mensagem.