Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Como cristãos, somos convidados a alimentar a nossa vida de fé com o pão da Palavra de Deus e o Pão da Eucaristia. Eles têm a força, de reconstruir a nossa vida, a partir do nosso interior, de renovar a nossa dignidade e esperança, que nascem do encontro com o Senhor, na Palavra, no Pão, na oração e no abraço da misericórdia do Pai. Precisamos redescobrir e valorizar as nossas raízes, não para nos fecharmos sobre o passado, mas para estarmos abertos e caminharmos serenos em relação ao futuro, para podermos um dia quem sabe dizer como São Paulo: “Agradeço àquele que me deu força, Cristo Jesus, nosso Senhor, pela confiança que teve em mim ao designar-me para seu serviço, a mim, que antes blasfemava, perseguia e insultava. Mas encontrei misericórdia” (1Tm 1, 12-13a).
A fé em Jesus, o filho de Deus, é a luz que ilumina os nossos passos, mesmo quando muitas vezes atravessamos vales de sombras, escuridão e incertezas na vida espiritual. A confiança em Jesus, luz do mundo, cuja chama jamais se apaga, e nos guia sempre pelos caminhos da paz, da justiça, do amor e da fraternidade, pode sempre despertar ou reacender em nós a esperança e a confiança no amanhã, no outro como meu irmão, minha irmã, na fé em Cristo Jesus.
Como homens e mulheres batizados em nome da Santíssima Trindade, não devemos jamais acreditar no triunfo do mal e das trevas sobre a luz do bem e da justiça. Mas devemos estar comprometidos em anunciar a aurora de um novo dia, em que a luz de Cristo possa brilhar na vida de todos e em todos os cantos do mundo.
A luz do Evangelho, que dissipa as trevas da escuridão e do mal, precisa de homens e mulheres dispostos a levá-la pelo mundo. Sem discriminação de lugares e pessoas, como nos ensinou Jesus, que nos deu o exemplo, começando o anúncio do Reino na “Galileia dos Pagãos”. Jesus nos indica quem são os primeiros destinatários da sua luz: não os “puros”, mas os excluídos, os distantes, que sabem reconhecer a presença do amor e da misericórdia do Pai.
Quando Jesus chamou os doze Apóstolos, o fez para que assumissem um compromisso pela causa do Reino. Assim como todo batizado deve ter abertura no coração, para o discipulado, para caminhar, viver e aprender com Jesus. Os Apóstolos, para seguirem o Mestre e assumir um compromisso, precisaram mudar de vida. Trocaram as barcas, a banca de impostos, etc., pelo compromisso de anunciar o Evangelho do Reino, curando as doenças e enfermidades do povo. Em outras palavras, foram sentir as dores e o sofrimento do povo. Foram levar a Luz (Jesus), esperança e cura para tantos corações.
Meus irmãos e irmãs, Jesus continua chamando homens, mulheres e jovens ainda hoje para a mesma missão: anunciar o Evangelho do Reino e levar Jesus ao coração das pessoas. Mas para ouvir este chamado, às vezes, é preciso fazer como Moisés. Quando viu a sarça que queimava, mas não se consumia, no monte Horeb, tomou uma decisão que mudou a sua vida: “Vou aproximar-me para admirar esta visão maravilhosa”. Nesta aproximação, escutou o chamado de Deus. Quando estamos perto de Deus, temos os ouvidos mais atentos e afinados, para ouvir o seu chamado e deixar a chama do seu amor, arder em nossos corações.