Jesus expulsou os vendedores do templo e falou da destruição e reconstrução do templo de seu corpo (Cf. Jo 2, 13-25). Sua liderança não foi aceita por muitos. Ele veio restabelecer o sentido da religiosidade que respeite a fé autêntica, sem o uso da religião por interesses econômicos ou de prestígio social e político. A ordem estabelecida de então fazia alguns buscarem vantagens em detrimento do verdadeiro culto a Deus e do amor ao semelhante. Deus, a religião, as Sagradas Escrituras e todo o cabedal religioso das pessoas não podem ser usados por interesses gananciosos que ludibriem a boa fé das pessoas para se obter lucro financeiro. Como a Palavra de Deus é usada e abusada para se tirar vantagem!
O Divino Salvador não perdia ocasião para ensinar as pessoas a respeitar o mais sagrado mandamento do amor. Este se configura na presença de Deus em cada ser criado à sua imagem e semelhança. Assim como se deve respeitar o templo como lugar de culto a Deus, também se deve fazê-lo com cada ser humano, templo do mesmo Senhor. Ainda mais quando tal templo é indefeso, como o caso dos seres humanos que estão para nascer e toda criança! O próprio Jesus adverte sobre quem desrespeitar ou escandalizar as crianças: melhor seria se lhe atasse grande peso e se o jogasse no fundo do mar. Quanto desrespeito à vida e à dignidade humana!
A violência tem sido gritante em nossa sociedade, a partir de tantas famílias desajustadas, de promiscuidade, falta de educação, assaltos, roubos, assassinatos, trânsito caótico em muitos lugares, desrespeito à lei, amplas injustiças… O cuidado do templo da pessoa humana passa pela formação no e para o amor, a partir das famílias… A segurança pública é de responsabilidade de cada um. A Campanha da Fraternidade nos coloca o desafio de promovermos a justiça para obtermos a paz. Assim teremos mais segurança e promoção do bem de todos.
A ressurreição de Jesus deu condição a que seus discípulos cressem nele, lembrando-se do que ele havia dito: “O zelo por tua casa me consumirá” (Jo 2, 17). De fato, se ele não tivesse ressuscitado, sua pregação sobre o templo seria como uma palavra a mais dita por qualquer líder. Agora vale a pena escutá-lo, pois, sua autoridade é divina, tendo superado a morte. Também o templo do corpo humano ressuscitará. Será transfigurado pelo poder do próprio Deus.
Por isso, o corpo, tendo a presença de Deus, deve sempre ser respeitado e não usado simplesmente como objeto. O corpo do semelhante é olhado e tratado como templo. A segurança pública começa justamente quando há o respeito ao outro. Na mútua atenção respeitosa se constrói base para uma sociedade mais justa, solidária e fraterna. É isso que precisamos fazer para termos paz e promoção do bem comum. A Quaresma nos leva à conversão para o respeito ao templo da pessoa humana, imagem e semelhança de Deus.
Como Jesus conhece a pessoa humana por dentro (Cf. Jo 2, 25), ele contrapõe a violência com a entrega total de si. Combate a mesma violência com o amor misericordioso e a vida nova da ressurreição.