No dicionário de língua portuguesa Aurélio, a palavra “missionário” significa: propagandista; defensor e pregador de missão. Para a assessora da Comissão para a Amazônia, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), irmã Maria Irene Lopes dos Santos, a palavra quer dizer “uma pessoa que é despojada de si, dos seus bens materiais e que se põe a disposição de outra realidade, completamente diferente da que estava acostumado, se doando por completo a outras pessoas ou comunidades, especialmente aos mais carentes”. Neste sentido, o Centro Cultural Missionário (CCM), a Comissão para a Amazônia e a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), em Brasília, formou, de 9 a 30 de junho, a 1ª Turma Missionária com enfoque exclusivo para a Amazônia.
O evento, que teve como tema “Pescadores de gente para a vida (Lc 5, 10)”, reuniu cerca de 29 pessoas, sendo dois leigos; um diácono permanente; oito padres e 18 religiosas, vindos das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Leste, Oeste e Sul do Brasil, e uma da Itália.
Segundo o diretor do CCM, padre Estêvão Raschietti, a finalidade do curso foi oferecer uma preparação humana, espiritual, intelectual e prática para presbíteros, religiosos, leigos, que são enviados a regiões tipicamente missionárias como a Amazônia. Ainda segundo o padre Estêvão, “nesse período procuramos ajudar a aprofundar as motivações pessoais, a própria compreensão da missão, a visão mundial dos desafios missionários, o processo de encontro com as outras culturas, os fundamentos bíblicos e teológicos da missão e a espiritualidade missionária”.
Para a coordenadora do curso, irmã Maria Irene, o curso foi importante para nortear os missionários antes mesmo de eles começarem a missão em terras alheias. “Antes de se hospedar em terras alheias, o missionário deve conhecer a realidade do lugar e seu contexto. É assim que o curso contribuiu para a formação de missionários para a Amazônia”, destacou.
A irmã Fabiana Mânica, da cidade gaúcha de Frederico Westphalen, se disse mais motivada na missão que participará, em Manaus (AM), do que antes do curso. “O curso em si foi um despertar do ser missionário que há dentro de mim. Isso me motivou mais ainda a querer estar junto das pessoas que encontrarei no Norte do Brasil”.
Já a irmã Irene Bergamine, missionária italiana que atua em Tabatinga (AM) há cinco meses, destacou a importância desse curso para todo o missionário engajado. “Após a conclusão do curso descobri que vinha trabalhando de maneira errada com os ribeirinhos da região onde atuo. O que é importante, pois como estou pouco tempo na região e no Brasil, ainda da tempo de mudar o que vinha fazendo, e trabalhar à luz de uma nova perspectiva”, afirmou a irmã.
Segundo o assessor da Dimensão Missionária da CNBB e Secretário Executivo do Conselho Missionário Nacional (COMINA), padre José Altevir da Silva, a formação dos missionários para a Amazônia passa pela possibilidade da formação da sensibilização daquele povo. “Não é apenas chegar lá e achar que vai conseguir mudar tudo. Se alguém for com esse pensamento, não acontecerá nada. O que deve acontecer é juntar-se ao povo, ser um deles, assim você conquistará o sentimento amazônico, se tornará um deles de verdade”, destacou.
Durante todo o curso, os participantes estudaram três grandes temas: “A missão hoje: dimensão humana, histórica e teológica”; “Desafios para a missão hoje: o mundo e a Amazônia”; e, “O sujeito da missão hoje: memória, projeto e seguimento”. A segunda turma será formada nos dias 31 de julho a 24 de agosto de 2011..