José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros (MG)
Jesus faz a comparação de sua pessoa com o tronco da videira. Os ramos desta só frutificarão se estiverem unidos ao caule. Da mesma forma, a pessoa só pode ter efeitos bons de sua vida se suas ações se estiverem unidas a Deus, realizando o que Ele indica.
O mal, o egoísmo, a violência e a injustiça mostram em quem a pessoa que os pratica está unida. Uma árvore frutífera pode dar frutas azedas ou de má qualidade. Por isso, é preciso ser tratada adequadamente para dar produto bom e apetitoso. Da mesma forma, a pessoa humana precisa ser trabalhada para melhorar sua conduta. O ideal seria que, desde o berço, as pessoas fossem cultivadas em seu caráter com valores humanos e religiosos que as fariam realmente humanas, civilizadas e cidadãs.
A influência negativa de maus exemplos condicionam muito as pessoas, os grupos e a sociedade, principalmente se eles não tiverem senso crítico adequado para não de deixarem influenciar negativamente com os estímulos sensoriais, midiáticos e intelectuais. A propaganda assimilada sem crítica, faz muitos crerem que ela contenha a verdade. Quantas mentiras são tidas como verdade e quantas verdades são aceitas como mentiras! O discernimento requer o conhecimento da base de sustentação da verdade. Sem isso, vão-se engolindo engodos como valores que não têm consistência de sua real natureza.
Hoje é fácil o uso dos meios de comunicação para se espalharem meias verdades ou até mentiras que se tornam como veneno envolto em atrativo delicioso. No entanto, uma vez aceitas, tornam-se como veneno na vida das pessoas desavisadas quanto ao seu conteúdo.
Mais do que nunca precisamos ajudar a promoção da educação com valores que vão além do puro conhecimento técnico e científico. A formação básica para a pessoa ter a cultura da convivência com bem estar de cada um e de todos deve estar fundamentada na alteridade e na ética. A religiosidade bem ajustada a isso inclui necessariamente esses valores imprescindíveis para a convivência humana harmoniosa e justa.
Temos muitos “ramos” ou pessoas que, na “árvore” social, são como secos, sem dar frutos para si e para a comunidade. Não estão fundamentados na verdade, no bem, no amor, no compromisso com os outros nem consigo mesmas. Precisamos fazer com que essa árvore seja melhor ajustada com a poda da cobrança em relação ao bem comum e a políticas públicas de interesse social abrangente da cidadania para todos. Assim também precisamos da formação da família como canteiro do desenvolvimento do bom caráter, da educação de qualidade, da prevenção e assistência à saúde para todos…
A árvore boa se conhece pelos frutos. Precisamos, então, ajudá-la a dar frutos bons com a correção, a exigência dos direitos, da promoção da vida e da dignidade humana.
Quando as pessoas se pautarem pelo projeto divino, darão frutos bons, pois, Deus só quer o bem de todos. Ele, bem seguido, faz-nos pessoas que vivem à sua imagem e semelhança.