Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

 

O início de cada ano civil leva consigo as influências das festas natalinas, quando Deus se manifesta na Pessoa de Jesus Cristo e nas bençãos concedidas para se ter um novo tempo de esperança. Nesse contexto, aparece a palavra “epifania”, aplicada ao fato da visita dos Reis Magos do oriente ao Menino Jesus, e o encontram depositado em um cocho, em atitude de radical despojamento. 

Agora é olhar para frente e deixar para o passado todo tipo de escuridão no trajeto da vida. Viver na claridade é saber dar novo vigor para a história, pessoal e social, e trabalhar para a realização de uma utopia saudável e capaz de ser atingida. Não se pode perder de vista que a verdadeira luz vem de Deus. É por isto que Jesus se manifesta como luz a atingir o coração das pessoas sensíveis a Ele. 

A epifania é a manifestação, ou seja, a publicidade de Deus, daquele que veio visitar o mundo, tornando-se humano para que o humano tivesse condição de se tornar, também, divino. Não é uma manifestação privada, destinada apenas para algumas pessoas e de forma privilegiada, mas sem distinção, mostrando que a dignidade humana não é diferente entre os diferentes indivíduos. 

Na dimensão da publicidade divina, agora é contemplar a riqueza do acontecimento Cristo, consolidando a glória de Deus em pessoa. Nessa dimensão, é possível encontrar a fonte de sustentação para a fé, a esperança e a caridade. A Palavra de Jesus nos ensina a caminhar na luz, a construir tempos novos e a olhar para frente convencidos de que tudo pode ser melhor e mais belo. 

O mistério de Deus é revelado na Pessoa de Cristo, com destaque especial na data do Natal. Jesus nasce como um perfeito dom gratuito do Pai, e tem como finalidade, a salvação de seu povo na via da história. Jesus Cristo veio com uma proposta exigente de alteridade, para construir pontes, conforme disse o Papa Francisco, convocando as pessoas para a prática da unidade e da fraternidade. 

Na atual cultura, fica uma pergunta no ar: Onde está Cristo hoje? Na Igreja, no mundo, na comunidade, no comércio, na família? Será que está faltando uma estrela guia, como aconteceu com os Reis do oriente, possibilitando encontrar o Menino-Deus? É importante refletir se tudo caminha no rumo certo, ou há necessidade de mudar de rumo, como aconteceu na volta dos Magos para o oriente. 

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