Paulo está em Éfeso, mas preso, e escreve a seus amigos de Filipos para desabafar. Esta carta está em Fl 1,3 – 3,1a; 4,2-9. Paulo agradece a Deus e reza pelos filipenses, que estão participando ativamente no anúncio do Evangelho. Aquele que começou neles a boa obra há de levá-la à perfeição até o dia de Cristo Jesus. Paulo é muito afetuoso com os filipenses. Ele os tem no coração porque participaram de algum modo das suas prisões. Paulo reza por eles e deseja para eles o que há de melhor.
Deseja primeiramente que o amor que está neles se expanda sempre mais, não de qualquer jeito e sim em conhecimento e em sensibilidade. Que eles sejam sensíveis uns em relação aos outros e assim conheçam de forma experimental o amor que está neles. Se isso acontecer, eles serão capazes de discernir o que mais convém, o que é melhor, o que é verdadeiramente importante. Desenvolvendo a sensibilidade, eles conhecem o amor e adquirem a capacidade de discernir, isto é, serão capazes de tomar decisões acertadas movidos pelo Espírito. O dom do discernimento os capacita a decidir-se pelo que é melhor, o que é mais conveniente para o crescimento pessoal e comunitário.
Realizada esta primeira parte da oração, vem a conseqüência. No dia de Cristo, no dia do juízo final, os filipenses serão considerados puros e irrepreensíveis, não porque não tenham cometido nenhum erro ou engano, mas porque souberam discernir, agiram com juízo e bom senso em suas decisões práticas. Naquele momento serão plenamente maduros, porque foram declarados justos por Jesus Cristo, e assim Deus será louvado e glorificado.
Paulo descreve aos filipenses de maneira positiva a sua prisão. Tal situação encorajou muitos irmãos, levando-os a proclamar a Palavra com mais coragem. Nem todos, porém, se comoveram com o sofrimento de Paulo. Na verdade, Paulo teve que enfrentar oposições em Éfeso, até mesmo concorrência. Não foi ele quem fundou a comunidade, por isso alguns não o aceitavam, consideravam-no intruso. Paulo se queixa da inveja, da concorrência, da rivalidade, da falta de sinceridade da parte de alguns que assim aumentavam seu sofrimento na prisão. Paulo se queixa, mas não se abate. Cristo é para ele o bem supremo. Se os seus opositores estão anunciando Cristo, mesmo que seja com segundas intenções, ele se alegra. Afinal, Cristo está sendo proclamado.
Paulo sabe que pode ser condenado à morte. Nem isso o abala. “Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro”, escreve ele. No entanto, se permanecer em vida é necessário para o bem dos irmãos, então ele aceita continuar vivendo neste mundo. O importante é que todos vivam “vida digna do Evangelho de Cristo”, firmes num só espírito, lutando juntos com uma só alma, pela fé do Evangelho. Que todo se empenhem no mesmo combate travado por Paulo.
Por que viver em competições e vanglória, julgando-se superior aos outros? Não é melhor estar de acordo no mesmo amor, numa só alma, num só pensamento? Não é melhor ter o mesmo sentimento de Cristo Jesus? Ele que é superior a tudo não se considerou superior a nada e desceu até nós, humilhando-se ao extremo, fazendo-se obediente até a morte e morte de Cruz para depois ser exaltado na glória do Pai. Não esperou que subíssemos até ele. Desceu até nós e nos levou consigo para a glorificação. Agora todo joelho se dobra diante dele e proclama que ele é Senhor.
Nós vivemos no meio de uma geração má e pervertida, vivemos entre reclamações e murmurações, mas podemos ser mensageiros da Palavra da Vida e brilhar como astros neste mundo. Se assim forem os filipenses, Paulo sabe que não terá trabalhado em vão. Que eles se alegrem, que seu equilíbrio seja conhecido, que se ocupem com o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso, louvável.
Paulo pensa enviar Timóteo até Filipos e tece grandes elogios sobre sua pessoa. Agradece também pela presença de Epafrodito, colaborador e companheiro, mas que ficou doente. Recomenda que Sízigo ajude Evódia e Síntique a se entenderem. Elas lutaram com Paulo, com Clemente e com outros discípulos pelo Evangelho. Todos eles têm o seu nome escrito no Livro da Vida.