De hoje em diante serás pecador de homens

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

 

Celebramos neste final de semana o quinto domingo do tempo comum, em que somos convidados a ouvir a voz do Senhor que nos chama e a nos reunir em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia. O domingo é o dia do Senhor, do descanso, da família e assim celebrar a nossa fé, reunindo-nos para participar da celebração eucarística. Uma família que reza unida, permanece unida. É importante incentivar as crianças a participarem da celebração Eucarística e, desde cedo, sentirem gosto em participar da Santa Missa, para que mais tarde não vejam a celebração da missa como um peso ou obrigação, mas que possam ir com prazer.

No Evangelho deste domingo, Jesus convida Pedro e a cada um de nós a sermos pescadores de homens, ou seja, ir a cada pessoa e anunciar a Palavra de Deus. Regatar toda pessoa que se encontra afastada de Deus e pescá-las para Deus. Todos nós somos chamados a ser sacerdotes, profetas, e reis e anunciar e apresentar Jesus Cristo a todos. Através da liturgia desse domingo, o Senhor nos encoraja para sermos profetas nos dias de hoje e atrair muitas pessoas para ele.

Ao terminar a celebração Eucarística, somos chamados por Ele a sairmos em missão e a transmitir aos nossos irmãos a palavra que acabamos de escutar. A palavra Missa significa missão, quando o padre profere a benção final e com ela as palavras “Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”, esse “ide” é o envio missionário, ou seja, a missa terminou, mas a nossa missão de anunciar a Palavra apenas iniciou.

A missão nos dias de hoje se torna cada vez mais urgente, que através dessa Eucaristia possamos compreender a urgência da missão, que o Senhor nos confia nos tempos de hoje. Façamos a nossa parte de anunciadores do Reino de Deus e deixemos com que a Palavra de Deus se propague pelo mundo inteiro. Sejamos missionários em nossas próprias casas, para evangelizarmos os outros, temos que iniciar de nossas próprias casas.

Na primeira leitura da missa (Is 6, 1-2a. 3 -8) o profeta tem uma visão do Senhor sentado em seu trono, com o manto que se estendia pelo templo. Havia serafins ao seu lado que exclamavam: “Santo, Santo, Santo, é o Senhor dos exércitos”. Isaías fica espantado com tal visão e procurando entender o que ela significaria. Isaías fica com “medo” daquilo que estaria por vir, da missão ao qual seria chamado, ele ainda não se sentia preparado o suficiente para ser profeta. Mas um dos serafins voou até Isaías, tendo na mão uma brasa, que havia retirado do altar com uma tenaz e tocou os lábios de Isaías. A partir daquele momento, os seus pecados foram perdoados e Deus diz: “Quem enviarei? Quem irá por nós?” E Isaías responde: “Aqui estou, envia-me!” Assim acontece conosco, o Senhor perdoa os nossos pecados e nos envia para ser seus discípulos missionários.

No salmo responsorial – 137 (138) – o salmista exalta o templo e diz que o templo é o lugar do encontro com o Senhor e o lugar de exaltar o seu poderio. No templo, nós nos prostramos diante do Senhor e o adoramos e ante ao Senhor, descobrimos a nossa missão, de sermos sacerdotes, profetas e reis.

Na segunda leitura da missa deste domingo (1 Cor 15, 1 -11) Paulo nos diz que por meio da Palavra seremos salvos, e que ele em toda a sua vida pregou a verdade. Paulo diz tudo aquilo que aconteceu com Jesus Cristo, enquanto esteve entre nós, sua morte, ressurreição, ascensão aos céus e como apareceu a Pedro e João. São Paulo, ainda, diz como o Senhor apareceu a ele, durante a sua conversão. É pela graça de Deus que Paulo foi salvo e é pela mesma graça que nós de igual modo somos salvos. Pela graça de Deus, somos salvos e por essa mesma graça anunciamos aos outros a salvação que vem de Deus.

O Evangelho deste Domingo (Lc 5, 1 -11) nos diz que Jesus estava à beira do lago de Genesaré, e as pessoas se apertavam para ouvi-lo. Jesus avistou duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes. As barcas representam o povo de Deus e a Igreja, devemos estar no meio do mundo, diante das tribulações, anunciando o reino de Deus. Jesus sobe numa das barcas, que era de Simão Pedro e ensina as multidões. Jesus ensina da barca, porque ela representa a Igreja que deve ir ao mundo anunciar às multidões o evangelho da vida, pregado por Jesus.

Jesus, ao terminar de falar às multidões, diz a Simão Pedro: “Avança para as águas mais profundas e lançai vossas redes para a pesca” (Lc 5,5). Jesus, nesse momento, realiza a pesca milagrosa, mais um sinal dele diante dos discípulos. Pedro diz a Jesus que pescaram a noite toda e nada pescaram, porém, ao obedecer ao Senhor, eles apanharam tamanha quantidade de peixes, que as redes quase se rompiam. Tiveram que pedir que os companheiros da outra barca viessem ajudá-los.

Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus e pedindo que ele se afastasse considerando ser um pecador. O espanto apoderou-se de Pedro e dos demais, devido à pesca que acabaram de fazer. Na nossa vida, é necessário ter mais fé e acreditar que tudo vai se resolver. É o que faltou a Pedro e seus companheiros. Para enfrentarmos as dificuldades do dia a dia é necessário ter fé e fazer com que a barca não afunde em meio às tempestades.

Jesus diz a Simão Pedro que de agora em diante ele seria pescador de homens, ou seja, iria pelo mundo ao encontro das pessoas, para resgatá-las para Deus. Se tornaria discípulo de Jesus. É o que somos convidados a ser, pescadores de homens e mulheres para Deus e conduzir muitos para o caminho da salvação. Eles deixaram as barcas na margem e começaram a seguir Jesus.

Irmãos e irmãs, celebremos com alegria esse quinto domingo do tempo comum e, durante esse mês de fevereiro que se inicia, possamos atrair muitas pessoas para Deus. Que o Espírito Santo, luz que vem do alto, nos ilumine.

 

 

 

 

 

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