Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Quem procura agir com honestidade, consciente da missão a desempenhar e ser útil na sociedade, é provocado por uma cultura sem solidez e com marcas de ondas inconstantes e líquidas. Parece ser como a água dos oceanos, que se movimenta indefinidamente e ocupa muitos espaços imprevisíveis. A falta de estabilidade provoca insegurança e prejudica a prática natural na vida das pessoas.
O que é realmente fundamental para todo ser humano é colocar em prática o mandamento do amor, também muito fragilizado e bastante destemperado no cotidiano das pessoas. É importante ter consciência de que o amar com segurança depende de confiança em quem é amado. Isto parece não estar presente na vida matrimonial, desarticulando totalmente a estrutura familiar, e também social.
O desafio do mandamento do amor ao próximo pode ser superado quando está enraizado no amor a Deus. Digo isto porque a palavra amor tem uma dimensão que ultrapassa os limitas humanos. Além do sobrenatural, o amor supõe a prática da justiça social, da convivência comunitário e corresponsabilidade. Fechar-se numa vida individualista é abrir espaço para atos imorais e violência.
No projeto da criação se fala de uma Aliança. Isto pode ser entendido como sinodalidade, onde as pessoas conseguem superar os desafios e caminhar juntas em uma sintonia de amor fraterno. É isto que dá sentido para suas vidas, que supera todo isolamento, fortalece as relações de hospitalidade e de bondade. Nenhuma pessoa é uma ilha e totalmente desconectada com os problemas do mundo.
O mundo vive verdadeiro clima de brutalidade da guerra, demonstrando claramente a incapacidade real de diálogo. Assistimos a agressividade e o nível da violência, o genocídio sem pudor e a abrangência da insensibilidade do ser humano. Parece que a palavra de ordem é a morte indiscriminada de quem é considerado inimigo. Não importa se é inocente, criança ou adulto, ambos indefesos.
A palavra de Jesus é incisiva em relação à prática desafiante do amor: “Amai os vossos inimigos…” (Mt 5,44). Ao refletir sobre o tema atual do desenvolvimento científico, o mesmo deveria estar acontecimento em relação à dignidade e condições humanas das pessoas. O que vemos é investimento, de ultima geração, em armas letais, causando insegurança e morte da natureza e do ser humano.