Incrível mas compreensível o sentimento de medo frente à ameaça de morte sofrida pelo profeta Elias. Deus mandou um anjo para estimulá-lo a continuar a viver para a grande missão de conduzir o povo na fidelidade a Deus (Conferie em 1 Rs 19, 1ss). O derrotismo frente às dificuldades leva tantos a também ficarem deprimidos, pessimistas e fugitivos da missão de realizar o bem, a promoção da justiça, o trabalho altruísta de cooperação com a comunidade e com os mais fragilizados da sociedade mundial. Se não se firmar na convicção do trabalho por uma causa maior, como a do projeto de Deus, de fato não valeria tanto a pena sacrificar-se para pouco resultado aparente. Mas o próprio São Paulo nos lembra de tudo podermos com Aquele que nos dá força. Elias, de fato, com a força do alimento material e espiritual, pôde continuar de modo entusiasta e perseverante a missão apresentada por Deus. Ser profeta requer clareza sobre o trabalho sustentado pela força de Deus.
Quem é batizado conta com a ação da graça do Senhor para sua missão dar fruto. O elo entre a ação dele e o esforço humano tem de ser bem concatenado. A força vem do alto, mas é preciso a adesão humana e seu esforço para a realização do projeto do Criador. Muitos querem que Deus faça tudo e não se movem para executar Sua palavra, na prática da doação de vida ao semelhante. A superação dos limites humanos se dá na vivência do amor por causa de Deus. Superamos as amarguras da vida, as injúrias e maldades com a correspondência ao amor recebido do céu. (Cf. Ef 4, 30; 5, 2). Não somos capazes de sair de nossos impasses e limites sozinhos. Mas sem colocarmos nossa boa vontade na execução da palavra de Deus, não obteremos o resultado de nosso desejo de superação de nossas fraquezas.
O reforço maior da ação divina em nós se dá no alimento sobrenatural do pão descido do céu, o próprio Jesus. Ele mesmo o afirma e realiza: “Eu sou o pão vivo descido do céu” (Jo 6, 51). A Eucaristia é o maior sinal da ação divina no humano, sendo alimento da razão de ser da vida humana. Não é o simples comungar físico do sacramento apresentado pelo pão e o vinho consagrados que nos faz unidos a Cristo. Unido a isto deve haver a aceitação responsável do reinado dele que faz a pessoa se pautar na vida pelos critérios do Filho de Deus, seguindo e imitando sua pessoa. Isto chama-se viver em Cristo e ser criatura nova. Então a comunidade contará com outros Cristos em seu meio, a ponto de o convívio se ressentir das consequências positivas de sua conduta ou ação. O mundo familiar, profissional, político, econômico, religioso e todo ambiente social vão se tornar diferentes. A harmonia, a justiça, a cidadania, o bem comum e a preservação do meio ambiente vão acontecer, com paz para todos.
Apesar de nossos sentimentos de desânimo e derrota, como aconteceu com Elias, temos meios que nos fazem recobrar o ânimo. Continuamos, então, a missão que nos cabe de contribuir com a nova sociedade mundial, sendo novas criaturas com a ação da graça divina e nosso modo de viver responsável para com o bem da humanidade. Quem come o pão da vida de Cristo “Viverá eternamente” (Jo 6, 51).
