Neste 3º Domingo da Quaresma, a Liturgia nos convida a refletir sobre a necessidade da conversão e sobre a misericórdia de Deus. A mensagem central destaca que, assim como Deus se revelou a Moisés e ouviu o clamor do seu povo, Ele também nos chama a uma relação mais profunda com Ele, especialmente durante este tempo de penitência e preparação para a Páscoa. Este é um momento propício para que os fiéis se voltem para o Senhor, reconhecendo suas fraquezas e buscando a Sua misericórdia.
As leituras deste domingo nos oferecem uma rica tapeçaria de temas que se entrelaçam, revelando a ação de Deus na história e a necessidade de resposta humana.
A 1ª Leitura (Êxodo 3,1-8a.13-15) narra o encontro de Moisés com Deus, que “aparece” na sarça ardente. Deus se apresenta como o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, e revela seu plano de libertação para o povo de Israel. Este momento é crucial, pois mostra que Deus está atento ao sofrimento de seu povo e que Ele é um Deus que se importa e age em favor dos oprimidos. A afirmação “Eu sou aquele que sou” (Êxodo 3,14) revela a eternidade e a imutabilidade de Deus, que se compromete a libertar os israelitas da opressão egípcia. A resposta de Moisés, “Aqui estou“, é um exemplo de prontidão para servir e ouvir a voz de Deus.
Da mesma forma, hoje Deus, que nunca muda, está a nosso lado, sempre atento às nossas necessidades e dificuldades, sempre disposto a manifestar para cada um de nós, seu amor, sua compaixão e misericórdia. Jamais podemos duvidar do Senhor.
Na 2ª Leitura (1 Coríntios 10,1-6.10-12), São Paulo recorda a experiência do povo de Israel no deserto, alertando os cristãos sobre a importância de não repetir os erros dos israelitas antepassados. Ele enfatiza que as experiências do Antigo Testamento servem como advertências para nós, mostrando que a confiança em Deus deve ser acompanhada de ações que reflitam essa fé. São Paulo nos lembra que, apesar de terem recebido tantas bênçãos, muitos não agradaram a Deus e foram punidos (1 Coríntios 10,5). A exortação para que “quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.” (1 Coríntios 10,12) é um chamado à vigilância e à humildade em nossa caminhada de fé.
O Evangelho (Lucas 13,1-9) apresenta Jesus respondendo a questionamentos sobre a razão de certas tragédias, enfatizando a necessidade da conversão. Ele nos lembra que o sofrimento não é necessariamente um sinal de culpa, mas um convite à reflexão e à mudança de vida. É preciso adquirir a inteligência da fé, para tirar lições práticas sobre todas as situações humanas, mesmo as desagradáveis. A parábola da figueira estéril ilustra a paciência de Deus, que nos dá tempo para produzir frutos, mas também nos adverte sobre a urgência de nossa resposta. A frase “Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo.” (Lucas 13,3) é um forte apelo à conversão e à ação, ressaltando que a misericórdia de Deus não deve ser desafiada.
A Liturgia deste domingo nos convida a uma reflexão profunda sobre nossa vida como cristãos. A mensagem de conversão é um chamado a examinar nossas ações e a buscar a misericórdia de Deus. A Quaresma é um tempo propício para a Confissão Sacramental, onde podemos nos reconciliar com Deus e com a comunidade, renovando nosso compromisso de viver segundo os ensinamentos de Cristo. A prática da confissão não é apenas um ato de penitência, mas uma oportunidade de experimentar a graça transformadora de Deus, que nos purifica e nos fortalece para a missão de levar o amor e a compaixão a todos ao nosso redor.
Em conclusão, este 3º Domingo da Quaresma nos lembra da importância de ouvir a voz de Deus, de refletir sobre nossas vidas e de nos voltarmos para Ele com um coração contrito.
Que a intercessão de Nossa Senhora nos ajude a viver este tempo de conversão com sinceridade e fé.