Dom Eurico dos Santos Veloso
No Evangelho de São Lucas 18,9-14, Jesus nos alerta que não basta ser perseverante e insistente na oração. É preciso reconhecer e confessar a própria pequenez, recorrendo à misericórdia de Deus. De nada adianta o homem justificar a si mesmo, pois a justificação é dom de Deus.
Entre nós e pelo mundo afora, percebemos que muitas pessoas invocam o nome santo de Deus, vão à missa, professam-se cristãos, criam uma religião ao sabor de seus interesses para acobertar os desmandos que cometem e as vidas que eliminam impunemente. No fundo, nada fazem senão repetir a velha tática de querer manipular a Deus, considerando-se piedosos e homens de igreja, tentando ganhar simpatias e cargos para continuarem explorando e matando.
Ritos e funções religiosas, por si só, não convencem a Deus. O termo “religioso” ou “católico” pode encobrir ambiguidades e contradições. Não cabe a nós julgar, mas a palavra de Deus, neste trecho do Evangelho, insiste em afirmar que Deus não aprova ofertas, ritos e celebrações que procuram “comprar”. Deus, pois, só Ele, e não nossas ações, pode justificar. E Ele justifica quem reconhece seu nada e miséria, descobrindo que o amor e a justificação são gestos da gratuidade de Deus.