(2 de novembro – Ano C)
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje, 2 de novembro, a Igreja celebra o Dia de Finados não como um luto sem esperança, mas como um ato de amor que atravessa a morte. No Credo professamos a “comunhão dos santos”: cremos na comunhão dos que já estão na glória, dos que ainda se purificam e nós que peregrinamos na terra. Todos formamos um só Corpo em Cristo. Oferecer a Eucaristia pelos falecidos é fazer nossos irmãos falecidos participar da obra redentora de Jesus: Ele “desceu à mansão dos mortos” para que nenhum irmão ficasse abandonado na morte. A morte não rompe o vínculo que nos faz uma única Igreja de Cristo; apenas o transforma. Por isso, rezamos, acendemos velas, visitamos túmulos: gestos que dizem “você também faz parte da nossa família”.
1ª Leitura – Jó 19,1.23-27.a
Jó, no meio da dor que lhe arrancou tudo – saúde, filhos, bens –, ousou gritar a esperança que ninguém podia lhe tirar: “Eu sei que o meu Redentor vive e que, por último, se levantará sobre o pó”. Não é um otimismo barato; é a fé que nasce do fundo do abismo. Jó não tinha ainda noção clara da ressurreição, mas já a confessava. Nós, que temos o túmulo vazio de Cristo, podemos repetir com mais ousadia: nossos mortos não estão perdidos no pó; estão nas mãos do Redentor que já se levantou da morte.
2ª Leitura – 1Cor 15,20-24a.25-28
Paulo nos lembra que Cristo é “as primícias dos que morreram”. A ressurreição não é um privilégio exclusivo de Jesus; é o primeiro fruto de uma colheita que abrange todos os que Lhe pertencem. “É preciso que ele reine até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte”. A morte, que parece ter a última palavra nos cemitérios, já foi derrotada na cruz e no sepulcro vazio. Quando rezamos pelos falecidos, cooperamos com o reinado de Cristo: aceleramos, pela caridade, o dia em que Deus será “tudo em todos”.
Evangelho – Lc 12,35-40
Jesus nos exorta: “Vós também, estai preparados, porque o Filho do Homem virá numa hora em que não pensais”. A morte não avisa; chega como o noivo à meia-noite. Mas o Evangelho não nos deixa ansiosos: nos deixa vigilantes. Vigiar é viver de tal modo que, a qualquer hora, estejamos com a lâmpada acesa – a lâmpada da fé, da esperança, da caridade, da oração. Nossos falecidos nos ensinam isso: muitos deles partiram de repente, mas partiram com a lâmpada acesa porque, dia a dia, se mantiveram em Graça. A eles pedimos: ajudai-nos a viver assim.
Comentário final: como tratar, durante o mês de novembro, os nossos falecidos
Novembro é o mês da memória agradecida. Três gestos simples:
Visitar o cemitério – não apenas para chorar, mas para rezar o Credo junto ao túmulo, professando que ali jaz um corpo que um dia ressuscitará.
Oferecer Missas – cada Eucaristia é um “hoje” da salvação; apliquemo-la pelos que mais necessitam de misericórdia.
Viver a caridade – perdoar quem nos magoou, reconciliar famílias partidas, partilhar com os pobres. Assim, nossos mortos continuam a gerar vida.
Que a Virgem Maria, Mãe dos que choram e Rainha dos que esperam, nos ensine a amar até o outro lado da morte. Amém.
