Dom Aloísio Alberto Dilli
Administrador Apostólico de Santa Cruz do Sul

 

Caros irmãos e irmãs. A vida humana merece dignidade e respeito plenos em todas as suas etapas, desde a concepção até seu término natural. Na visão cristã, a vida humana é dignificada pelo próprio Deus, por sermos suas criaturas e sobremaneira pela encarnação e redenção de Jesus Cristo. Tendo ele remido nossa condição humana, com ele a nossa vida já tem acesso ao divino e está escondida em Deus (cf. Cl 3,3). 

O respeito e a gratidão à vida dos idosos devem ser testemunhados, em primeiro lugar, na própria família e a sociedade não pode considerá-los como peso, ao contrário, precisa muito da sabedoria dos mais experientes. Agora, como Bispo emérito, assim reconhecido pelo Santo Padre Papa Francisco, também me considero entre os anciãos. Com eles também vou refletir o significativo texto, composto por autor desconhecido, para a relação dos filhos com os pais: “Quando os pais envelhecem, deixa-os viver. Deixa-os envelhecer com o mesmo amor que eles te deixaram crescer. Deixa-os falar e contar repetidamente as histórias com a mesma paciência e interesse que eles escutaram as tuas quando eras criança. Deixa-os vencer, como tantas vezes eles te deixaram ganhar. Deixa-os conviver com os seus amigos, conversar com os seus netos. Deixa-os viver entre os objetos que os acompanharam ao longo do tempo para não sentirem que lhes arrancas pedaços das suas vidas. Deixa-os enganarem-se, como tantas vezes tu te enganaste. Deixa-os viver e procura fazê-los felizes na última parte do caminho que lhes falta percorrer, do mesmo modo que eles te deram a mão quando iniciavas o teu”. 

Que esse texto ajude os mais jovens para compreender os idosos/as e deles aprender, a partir de sua idade, e amá-los hoje, sem esperar pelo amanhã, quando pode ser tarde. Nas tragédias climáticas, que vivemos há poucos dias, foi tão bom e confortante ouvir o testemunho dos idosos/as a nos fortificar na paciência e na fé, na solidariedade e na coragem. Quanto necessitamos de sua sábia experiência nos sacrifícios da vida e na esperança de recomeçar sempre de novo! Junto com as pessoas de mais idade, leiamos alguns “Benditos”, considerados assim pelos idosos (Pe Eduardo Dougherty):  

Benditos aqueles que compreendem meus passos vacilantes e minhas mãos trêmulas.  

Benditos os que levam em conta que meus ouvidos captam as palavras com dificuldade, por isso procuram falar mais alto e pausadamente.  

Benditos os que percebem que meus olhos já estão nublados e minhas reações são lentas.  

Benditos os que desviam o olhar, simulando não terem visto o café por vezes derramado sobre a mesa.  

Benditos os que nunca dizem ‘você já contou isso tantas vezes’.  

Benditos os que sabem dirigir a conversa e as recordações às coisas dos tempos passados.  

Benditos os que me ajudam a atravessar a rua e não lamentam o tempo que me dedicaram.  

Benditos os que compreendem quanto me custa encontrar forças para carregar minha cruz.  

Benditos os que amenizam os meus últimos anos sobre a terra. Bem-aventurados todos aqueles que me dedicam afeto e carinho, fazendo-me, assim, pensar em Deus.  

Quando entrar na Eternidade, lembrar-me-ei deles, junto ao Senhor. Amém! 

Caros anciãos, pela intercessão de São Joaquim e Sant’Ana, avós maternos de Jesus, Deus vos/nos conceda boa saúde, perseverança na fé e no amor; e, terminada esta vida terrena, o gozo da paz eterna, junto com Ele e tantos irmãos e irmãs que nos precederam. Sant’Ana e São Joaquim, rogai pelos idosos e ensinai-nos a amá-los! Que os mais jovens não deixem de viver na busca da felicidade sempre maior; e os mais idosos transmitam a sabedoria que vem do cultivo dos valores que dão sentido à vida e a tornam feliz. 

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