Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal (RN)

 

No próximo domingo, dia 24 de outubro, na Missa do 30º Domingo do Tempo Comum, a Igreja celebra o Dia Mundial das Missões, com o lema: “Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (At 4, 20). É o ponto alto do mês missionário, dia de reflexão e de oração para que todos nós, batizados e batizadas, tomemos consciência da necessidade de reconhecermos que somos todos missionários. Na verdade, desde a Conferência de Aparecida, em 2007, a Igreja tem nos levado a este reconhecimento: somos discípulos missionários de Jesus Cristo! Nele, nossos povos têm a vida. Reconhecer que somos missionários é questão de entendimento da fé, compreensão exata da vida e do Evangelho de Jesus Cristo. Anunciar o Evangelho, pregar a Palavra, é a nossa missão. E ainda mais como anúncio de uma experiência vivida do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo. 

O Papa Francisco, na mensagem para o Dia Mundial das Missões afirma: “Quando experimentamos a força do amor de Deus, quando reconhecemos a sua presença de Pai na nossa vida pessoal e comunitária, não podemos deixar de anunciar e partilhar o que vimos e ouvimos. A relação de Jesus com os seus discípulos, a sua humanidade que nos é revelada no mistério da Encarnação, no seu Evangelho e na sua Páscoa mostram-nos até que ponto Deus ama a nossa humanidade e assume as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos anseios e angústias (cf. CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, Gaudium et spes, 22)Eis, portanto, como podemos e devemos celebrar este dia, mas não só um dia ou um mês, mas sempre devemos ser animados por esta missionariedade que não é uma característica facultativa, dispensável, mas é da própria natureza da Igreja. 

O Dia Mundial das Missões, acompanhado de um gesto de generosidade da nossa parte, com a coleta em prol das missões, também é um dia para pedirmos perdão se nós colocamos obstáculos à obra da evangelização. É ainda o Papa Francisco a nos chamar a atenção: “com frequência, os obstáculos à obra da evangelização encontram-se, não no exterior, mas dentro da própria comunidade eclesial”. Por isso, tendo como tema “Jesus Cristo é missão”, somos chamados a viver essa realidade como essencial em nossa vida. A missionariedade não é uma dimensão qualquer ou facultativa. Ela é a própria vida de Jesus, enviada ao mundo (cf. Gl 4,4s). A missão de Jesus não é um anúncio de tristeza ou de algo que amedronte. Ela é a proclamação do amor de Deus por todos os homens e mulheres, pelo mundo, pela casa comum em que habitamos (cf. Jo 3,16s). 

Queridos missionários e missionárias quero, também, louvar o nosso bom Deus e Pai por ser grande, em nosso meio, a consciência da missão. Desejo que a nossa caminhada como Igreja em Natal, que tantos frutos colheu na sua história, desde as preocupações do Movimento de Natal, a origem da Campanha da Fraternidade, os encontros de oração, de reflexão e de estudos do Clero e dos agentes de pastoral, a vivência da sinodalidade numa forte experiência de pastoral de conjunto, a celebração dos 30 anos do XII Congresso Eucarístico Nacional, realizado em Natal, em 1991, a Fase Diocesana dos Sínodo dos Bispos que estamos vivendo, desde o dia 13 de outubro, tudo isto nos anime e nos dê esperança de que jamais falte o ardor missionário, que jamais cesse o desejo de proclamar a todos o bem que o Evangelho de Jesus Cristo traz para todos os homens e mulheres. Somos felizes, o Senhor está conosco, e nós agradecemos-lhe pela “suave e reconfortante alegria de evangelizar” (Paulo VI, Exortação apostólica Evangelii nuntiandi, 80). 

 

Tags:

leia também