Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
No XVI Domingo do Tempo Comum, o dia 23 de julho será dedicado ao Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. O tema desta terceira edição será “De geração em geração, a sua misericórdia” (Lc 1, 50). É uma data criada pelo Papa Francisco para ampliar o olhar em torno dos idosos no mundo.
Em sua mensagem por esta ocasião, em 31 de maio, o Papa Francisco nos recorda sobre a importância dos avós e dos idosos e observa a causalidade próxima da Jornada Mundial da Juventude:
“Neste ano, regista-se uma proximidade estupenda entre a celebração do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos e a Jornada Mundial da Juventude; no tema de ambas, sobressai a ‘pressa’ de Maria (Cf. 1, 39) quando visita Isabel, levando-nos assim a refletir sobre a ligação entre jovens e idosos. O Senhor espera que os jovens, ao encontrar os idosos, acolham o apelo a guardar as memórias e reconheçam, graças a eles, o dom de pertencerem a uma história maior. A amizade de uma pessoa idosa ajuda o jovem a não cingir a vida ao presente e a lembrar-se que nem tudo depende das suas capacidades. Por sua vez, aos mais velhos, a presença de um jovem abre a esperança de que não se perderá tudo aquilo que viveram e que vão realizar os seus sonhos.”
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/nonni/documents/20230531-messaggio-nonni-anziani.html, último acesso em 16 de julho de 2023.
Lindas e inspiradoras das palavras de Papa Francisco. Soam como um convite para refletirmos a importância e a valorização da vida — todos os seres vivos são importantes para Deus. Ele é vida e se estamos vivos é porque Ele está em nós. Cuidemos, portanto, uns dos outros.
Mas, infelizmente, no contexto dos avós e idosos, sabemos que se o alerta de Papa Francisco acontece, é porque também há sofrimento, injustiça e maus-tratos com essa população. O que o Santo Padre nos coloca é a nossa capacidade de agirmos com empatia, assim como foi o encontro entre Maria e Isabel, inspirando o tema deste terceiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. Diz o Papa Francisco: “Maria, jovem, e sua parente Isabel, idosa (Cf. Lc 1, 39-56). Esta, cheia de Espírito Santo, dirige à Mãe de Deus palavras que, dois milênios depois, cadenciam a nossa oração diária: ‘Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre’ (1, 42). E o Espírito Santo, que já tinha descido sobre Maria, sugere-Lhe como resposta o Magnificat, onde proclama que a misericórdia do Senhor se estende de geração em geração. O Espírito Santo abençoa e acompanha todo o encontro fecundo entre gerações diversas, entre avós e netos, entre jovens e idosos. De fato, Deus quer que os jovens, como fez Maria com Isabel, alegrem os corações dos anciãos e extraiam sabedoria das suas experiências. Mas o primeiro desejo do Senhor é que não deixemos sozinhos os idosos, que não os abandonemos à margem da vida, como hoje, infelizmente, acontece com demasiada frequência”.
O Santo Padre ressalta que, sem empatia, não há como tocar e abrandar o coração dos idosos e sermos, ao mesmo tempo, agraciados por tamanha doação. Ele diz: não nos esqueçamos dos idosos. “No encontro entre Maria e Isabel, entre jovens e idosos, Deus dá-nos o seu futuro. Na realidade, o caminho de Maria e o acolhimento de Isabel abrem as portas à manifestação da salvação: através do seu abraço, a misericórdia irrompe, com alegre mansidão, na história humana. Por isso, quero convidar cada um a pensar naquele encontro; mais ainda, a fechar os olhos e imaginar, como numa foto instantânea, aquele abraço entre a jovem Mãe de Deus e a mãe idosa de São João Batista; representá-lo na mente e visualizá-lo no coração, para o fixar na alma como um luminoso ícone interior. E convido depois a passar da imaginação à vida concreta, fazendo algo para abraçar os avós e os idosos. Não os deixemos sozinhos; é preciosa a sua presença nas famílias e nas comunidades: dá-nos a noção de partilhar a mesma herança e de fazer parte dum povo em que se preservam as raízes.”
Que possamos aproveitar esse momento para irmos juntos — jovens e idosos — à Igreja celebrar esse momento de união, “colocando no centro a alegria transbordante de um renovado encontro entre jovens e idosos”, como escreveu o Papa.
Assim como compartilha o Santo Padre, invoquemos Maria e Isabel para que todos nós tenhamos um domingo de paz, alegria e companhia, seja celebrando na Igreja ou em família. Um domingo em que os avós e os idosos possam encher vossos corações de esperança, com a certeza de que Deus está — e estará — sempre em todos nós.
Saudações em Cristo!
