Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

 

 

O Papa Leão XIV toma como tema, em sintonia com o Ano Jubilar da esperança, para o 9º Dia Mundial dos Pobres, a palavra dos Salmos: “Tu és a minha esperança” (Sl 71,5). A condição de pobre não pode tirar da pessoa a virtude da esperança, porque ela é fundamental para a autoestima e a dignidade do ser humano. A maior riqueza das pessoas é confiar em Deus e tê-lo no coração. 

Para o apóstolo Paulo, quem confia em Deus, a esperança nunca o decepciona (Rm 5,5). Isto significa que o pobre, numa vida totalmente precária, marginalizado, excluído, pode tornar-se uma testemunha de autêntica esperança na expectativa da justiça divina. O ter material não deixa de ser uma realidade relativa, que pode esvaziar a identidade da pessoa e levá-la à perda da esperança.  

O verdadeiro tesouro, na vida das pessoas, é a intimidade delas com Deus. Quase sempre, muitas pessoas pobres têm mais liberdade e serenidade para isto, porque não estão apegadas, nem preocupadas em administrar bens materiais acumulados. Jesus faz uma alerta para ninguém acumular bens na terra e, sim, no céu, porque são duradouros e a ferrugem não os destrói (cf. Mt 6,19-20). 

Grande parte dos pobres tem abertura para Deus, sensível aos ensinamentos do Evangelho. A Igreja tem a obrigação de atendê-los em suas diversas necessidades, não só espirituais, mas também nas carências materiais. Papa Francisco falava da pobreza existencial, do vazio e da insensibilidade do coração humano, às vezes, pior do que a pobreza material, exigindo um trabalho mais missionário. 

No coração dos pobres e, também, de toda a Igreja que evangeliza, deve estar gravada a convicção de que são possíveis uma nova terra e um novo céu. Esse convencimento vem da esperança cristã, do fundamento da caridade fraterna. Tudo apoiado na Palavra de Deus e na autenticidade da vida, iluminada pelo Espírito Santo. Significa que a esperança vem da fé, sustentada pela caridade. 

A palavra pobre sugere a palavra caridade. Delas falamos de acolhimento e hospitalidade na vida social. E são muitas as formas de ajudar aos sofridos e inabilitados para uma vida mais digna. Para o Papa Leão, os pobres são sujeitos ativos, devem estar no centro da ação pastoral e são um apelo para o anúncio fecundo do Evangelho. Coloquemos nossos frutos acumulados a serviço dos pobres. 

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