Dom Orani João Tempesta
Estamos encerrando mais um Ano Litúrgico – o Ano C – e, no decorrer deste ano que ora findamos, nossas reflexões se fundamentaram nos escritos do evangelista Lucas, que nos orientou em nossa jornada de cristãos. Porém, as reflexões do novo Ano Litúrgico já no primeiro Domingo do Advento terão como base as narrativas do evangelista Mateus.
Nesta última semana do ano litúrgico, celebramos, na quinta-feira, 25 de novembro, o Dia Nacional de Ação de Graças. A nossa Arquidiocese celebra-o às 11 horas, na Igreja da Candelária. Queremos juntos, nesse dia, estar unidos para pedirmos a paz e a tranquilidade para todos os habitantes da cidade e arredores, comprometendo-nos com a construção da fraternidade, do perdão e da paz.
O Dia Nacional de Ação de Graças teve origem em 1621, na festa celebrada em gratidão a Deus pela boa safra, que garantiu a sobrevivência da frágil colônia de ingleses “peregrinos”, recém-chegados na América do Norte. Mais tarde esse dia foi oficializado e difundido. Trata-se de uma data em que se reconhece a ação de Deus na vida de um povo. No Brasil, o presidente Gaspar Dutra instituiu o Dia Nacional de Ação de Graças através da lei 781, de 17 de agosto de 1949, na quarta quinta-feira do mês de novembro, como celebramos até hoje. É interessante ver que essa data surge com um decreto presidencial, marcando para o país a sua cultura cristã de reconhecer a presença de Deus na vida do povo.
Para aqueles que estão no caminho espiritual, o Dia de Ação de Graças anuncia formalmente a chegada de um novo tempo, iniciando o Advento que nos conduz ao Natal e simboliza a gratidão que sentimos à medida que nos aproximamos de Deus. Da mesma forma que o dia de Ação de Graças precede o Natal, o coração que é constantemente agradecido é um precursor do glorioso nascimento interno da Consciência Crística – alegre realização da Presença Divina em toda a criação.
Deve-se aproveitar o Dia de Ação de Graças para se refletir sobre como se tem agido, como cristão, no ano que se finda: como me comportei diante da palavra de Deus? Como agi em relação a meu próximo? Movidos pela Fé, qual foi o testemunho que dei sobre Nosso Senhor Jesus Cristo? Fiz alguma boa ação?
Mas o Dia de Ação de Graças evoca ainda algo mais: o momento em que se deve, sobretudo, agradecer a Deus por tudo que Ele proporciona à vida de cada um de nós, pois ela é um Dom de Deus que d’Ele se emprestou e, por ela, se deve agradecer. Agradecer a Deus, de modo especial pela vida e por tudo que concede ao ser humano, é reconhecer que Ele é o Senhor de tudo e de todos e, para tanto, é preciso estar revestido do espírito de humildade.
Este dia, simboliza a gratidão que sentimos à medida que nos aproximamos de Deus. Ora, se este dia está caindo no esquecimento, isto significa que não estamos tão próximos de Deus como se pensa. Então, devemos parar e rever nossa condição de cristão e se estamos imbuídos do espírito de humildade para reconhecer que o Senhor é nosso Deus. Nesse sentido, devemos nos preocupar em resgatar o verdadeiro valor do Dia de Ação de Graças e torná-lo uma realidade não só em nossas vidas, mas também em nosso calendário, visando a exortar todos os seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo a celebrar este dia como ele realmente merece ser celebrado.
Estamos vivendo uma “mudança de época”. O mundo está em polvorosa, porque, de modo inesperado, se desenha a instabilidade econômica em muitas partes do mundo. A realidade de violência assusta a todos e desestabiliza a sociedade.
O rápido desenvolvimento das comunicações conduz a um processo de globalização cultural, que exerce um significativo impacto sobre a nossa sociedade. Alguns efeitos são positivos, outros, porém, são, sem dúvida, negativos.
Ao ganharmos de Deus e da Igreja a graça de três novos íntimos colaboradores como bispos auxiliares, ontem nomeados, devemos demonstrar sabedoria no seu discernimento, e de coragem nas nossas decisões pastorais. Por isso, vamos dar louvores a Deus neste dia de ação de graças!
Queremos, neste dia de oração, agradecer pela nova evangelização que é levada a efeito em nossa Arquidiocese, para responder às necessidades das circunstâncias presentes, que mudam rapidamente. A nova evangelização exige que o Evangelho seja anunciado de modo novo no seu ardor, nos seus métodos e na sua expressão (cf. Veritatis splendor, 106). A mutável situação que hoje devemos enfrentar apresenta novos desafios, o que requererá imaginação e coragem como aquelas demonstradas pelos missionários que outrora plantaram o Evangelho nesta terra carioca. A tarefa pode parecer enorme, mas «Aquele que vos chama é fiel; Ele o realizará!» (1 Ts 5, 24).
Temos muito que agradecer nesse dia: a nossa caminhada pastoral, a inserção dos jovens em nossas comunidades e a vida de uma Igreja viva e pastoral que caminha em nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro. Queremos agradecer a Deus pelos bispos auxiliares que vêm para servir, para criar espírito de trabalho coletivo, como disse o Papa Bento XVI nesta semana: “Não é a lógica do domínio, do poder segundo os critérios humanos, mas a lógica de ajoelhar-se para lavar os pés, a lógica do serviço, a lógica da Cruz, que é a base de todo exercício da autoridade”. “Em todo tempo a Igreja está comprometida em se moldar a esta lógica e a testemunhá-la para fazer transparecer o verdadeiro ‘Senhorio de Deus’, o do amor”, seguiu dizendo.
Em nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro queremos que todos, em única voz, os leigos e as leigas, os religiosos e as religiosas, diáconos, presbíteros e bispos, se unam fervorosamente neste dia para louvar e agradecer ao Deus da Vida por tudo o que recebemos: a nossa vida, o nosso ministério, a nossa pastoral, as nossas alegrias e as nossas dores.