Diocese de Montes Claros, 110 anos de criação

Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo de Montes Claros (MG)

 

No dia 10 de dezembro de 1910, por meio da Bula “Postulat sane”, do Papa São Pio X, foi criada a Diocese de Montes Claros, em amplo território desligado da Diocese de Diamantina. Naquele ato se designava que a nova Diocese se tornava sufragânea da Arquidiocese de Mariana. Quando Diamantina se tornou sede de Província Eclesiástica, a Diocese de Montes Claros tornou-se sufragânea da nova sede metropolitana. No decorre dos anos, da Diocese de Montes Claros foram desmembradas outras duas: em 1957, a Diocese de Januária e, em 2000, a Diocese de Janaúba. Em 2001, o Papa São João Paulo II criou uma Província Eclesiástica no norte de Minas, configurando a sede de Montes Claros como Arquidiocese e agregando a ela as dioceses de Paracatu, Januária e Janaúba.

O Concílio Ecumênico Vaticano II conceituou a diocese como “a porção do Povo de Deus confiada a um Bispo para que a pastoreie em cooperação com o presbitério, de tal modo que, unida a seu Pastor e por ele congregada no Espírito Santo mediante o Evangelho e a Eucaristia, constitua uma Igreja Particular, na qual verdadeiramente está e opera a Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja de Cristo” (Christus Dominus, 11).

Nessa história de 110 anos perpassa a ação do Espírito Santo, protagonista da evangelização, e a ação dos inúmeros “cooperadores de Deus” (1Cor 3,9). É muito justo trazer à memória os bispos que, antes de nós, se dedicaram com zelo apostólico a esta Igreja Particular: Dom João Antônio Pimenta (1911-1943); Dom Aristides de Araújo Porto (1943-1947); Dom Antônio de Almeida Morais Júnior (1948-1951); Dom Luís Vitor Sartori (1952-1956); Dom José Alves Trindade (1956-1988); Dom Geraldo Majela de Castro, O. Praem. (1988-2007); Dom José Alberto Moura, CSS (2007-2018). Um número muito grande de presbíteros diocesanos e religiosos serviu esta Igreja. Será muito oportuno a pesquisa de algum interessado em produzir a lista desses sacerdotes, muitos deles homens santos e abnegados diante dos desafios de outrora, considerando distâncias e dificuldades de transporte e de comunicação. Muitas religiosas oriundas de outras partes do Brasil, e mesmo da Europa, vieram viver nesta região do país sua consagração. Seus nomes também poderiam ser recuperados para registrar a beleza da vida consagrada feminina. Número incontável e de enorme significação é aquele dos leigos e leigas que sustentaram a fé cristã católica no seio de suas famílias, nas pequenas comunidades e arraiais, nas capelinhas e nas igrejas, por meio das rezas, das festas dos santos, do ensino das orações e dos rudimentos da fé, da oferta generosa para sustentar a Igreja e suas obras, da celebração dos sacramentos, da evangelização nas comunidades e paróquias.

Por mais que tentemos escrever a história desses 110 anos de Diocese, somente no coração do Pai encontra-se tudo registrado: do zelo de inúmeros catequistas que prepararam milhares para a mesa eucarística ao zelo de mulheres e homens que cuidaram das capelas e das igrejas; das rezadeiras que desfiaram seus rosários de orações e dos desbravadores que fincaram aqui e acolá cruzeiros, para fazer fulgurar o mistério da redenção. Sim, a história desses 110 anos é a história dessa porção do Povo de Deus, que vive da Palavra e da Eucaristia, animada pelo Espírito Santo e unida aos seus pastores, expressão viva da Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja de Cristo. Tudo isso é motivo de júbilo e de louvor a Deus.

 

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