Pretendo apresentar uma breve reflexão sobre o Documento de Participação à Quinta Assembléia do Episcopado da América Latina e do Caribe. Existe uma continuidade entre as cinco Assembléias. Todas elas tiveram, como objetivo, a evangelização. A
próxima vai reforçar ainda mais esse objetivo, pois trata-se, em última análise, de promover uma grande missão em toda a América Latina e Caribe. As cinco Assembléias expressam, de certo modo, a tradição pastoral das Igrejas do nosso continente. Fonte próxima dessa tradição é o Concílio Ecumênico Vaticano. Na doutrina do Concílio, não só encontramos uma nova eclesiologia, mas, na realidade, um projeto eclesiológico.
Esse projeto eclesiológico foi assumido, pela primeira vez, e contextualizado, na América Latina, pela Assembléia de Medellín. Medellín procurou sublinhar a presença dos pobres na Igreja. Trata-se de uma presença que leva a Igreja a redefinir sua presença no mundo. Suas prioridades pastorais e, às vezes, até mesmo, o seu modo de organizar-se. Os pobres merecem uma atenção especial da Igreja, comunidade do seguimento de Jesus. A partir de Medellín, começou-se a falar da evangélica opção
pelos pobres como uma das fontes inspiradora da missão evangelizadora da Igreja e de sua pastoral. A Igreja quer ser de todos, dizia João XXIII, mas, de modo especial, dos pobres.
O Vaticano II apresentou, como marca sua, a eclesiologia de comunhão. Nessa esteira, Medellín procurou acentuar a dimensão comunitária na organização da Igreja. A Igreja, organizada em forma de paróquia ou de pequenas comunidades, deve oferecer um espaço para o desenvolvimento de relações intersubjetivas: proximidade, conhecimento, amizade, fraternidade, luta em comum. Mais tarde, com essa mesma inspiração do Vaticano II, João Paulo II, vai dizer que a Igreja deve ser a escola da comunhão. Trata-se de uma escola que educa para a comunhão pela própria vivência, pelo modo de se organizar. Comunhão que é fruto não simplesmente de um esforço voluntarista, mas da ação da graça. Portanto, comunhão que implica vida de fé, vida
sacramental e orante. Sobretudo, vida eucarística.