Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul
Estimados diocesanos. A Diocese de Santa Cruz do Sul ainda vive seu clima jubilar de 60 anos. Nas mensagens anteriores apresentamos parte das sábias palavras de nosso primeiro bispo – Dom Alberto Etges, manifestadas na Carta de Saudação a todos os diocesanos. Hoje apresentaremos sua palavra sobre a Santificação da Vida Cotidiana:
“A vida quotidiana é a que precisa ser sobrenaturalizada. Toda ela. Sem exceção de nada. ‘Quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo pela glória de Deus’ (1 Cor. 10, 3). Tudo, pois, deve servir à edificação da Igreja, da Igreja que somos nós, cada um de nós, todos nós em conjunto. Igreja, que somos todos nós não apenas quando assistimos à santa missa e comungamos; não apenas quando rezamos e recebemos algum sacramento! ‘Somos Igreja’ quando rezamos e trabalhamos, quando nos divertimos e quando conversamos, quando damos esmola e quando lecionamos, quando cuidamos dos filhos e quando vamos em visita a alguém, quando pagamos uma conta e quando prestamos um serviço, quando andamos numa carroça, dirigimos um automóvel ou conduzimos um arado, quando trabalhamos na plantação, na cozinha, no escritório, na lavanderia ou na fábrica; ‘somos Igreja’ nas 24 horas do dia, do dia de trabalho como no dia de descanso, nas festas de família como nas festas de Igreja, da vila, do campo ou da cidade; ‘somos Igreja’ no campo de futebol, no salão de festas, no cinema, no teatro, no clube, tanto quanto na igreja, na capela ou na catedral; ‘somos Igreja’, servindo de padrinho num batizado ou na crisma, assistindo como testemunha num ato de casamento ou no foro a um ato jurídico; em toda parte ‘somos Igreja’, desde o nosso batismo até a nossa morte, desde o nascer do sol até o seu poente e ao seu novo amanhecer. Nada do que é da vida escapa a esta consagração: seja pensamento, palavra ou gesto, seja sagrado ou profano, nobre ou plebeu, grosseiro, rude ou delicado; tudo no plano de Deus deve ser consagrado: ‘quer vigiando, quer dormindo, vivamos em união com Ele’ (1 Tes 5, 10); para isto somos cristãos, para isto temos a marca de Cristo pelo batismo, pela crisma e pelo sacerdócio; é isto que São Paulo quer dizer quando nos exorta: o que importa é que andeis dignos da vocação do Evangelho, que andeis dignos da vocação que recebestes!… Não adianta dizermos que somos irmãos uns dos outros, se os atos de nossa vida demonstram o contrário; não adianta traçarmos o sinal da cruz sobre nós e pendurarmos o Crucificado na parede de nossas casas, se a cruz não marca constantemente os atos comuns de nossa vida. No dia em que os cristãos, todos os cristãos, compreenderem, que é isto que é preciso santificar, que não são os milagres que contam, mas o dever de cada instante bem cumprido, o minuto de cada hora bem empregado, da alegria vivida com verdadeira e sã alegria, do suor do nosso trabalho santificado como oblação agradável a Deus… No dia em que os cristãos, todos os batizados compreenderem que o lugar de nossa santificação é principalmente a nossa casa, a nossa família, o trato das coisas simples, o ‘bom dia’ da manhã, o ‘boa noite’ na hora de deitar, a conversa em roda da mesa, na varanda, na salinha; no dia em que os pais compreenderem que a sua santificação está na educação dos filhos; os esposos, que a doação mútua não apenas a do momento do prazer, mas a da tolerância, compreensão e amor ao longo de todo o dia e ao longo de toda a vida… Esta, a nossa grande e única vocação, por vontade do Senhor, a vossa santificação!”. Estas são palavras de nosso primeiro bispo, Dom Alberto Etges. O Senhor da Vida o tenha na sua paz e nós vivamos a santificação que ele anunciou e testemunhou.