A Catequese no Catecismo da Igreja Católica (V Parte)

Dom Antônio de Assis Ribeiro
Bispo auxiliar da arquidiocese de Belém do Pará (PA)

 

Introdução

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) que é uma exposição sistemática da doutrina Católica publicado no ano de 1992. A apresentação do seu conteúdo está organizado em quatro partes, a saber, a fé professada (a explicação do Credo), a fé celebrada (a apresentação da liturgia da Igreja), a fé vivida (a moral ou exigências dos mandamentos) e a fé rezada (a vida de oração da Igreja).

As bases que fundamentam toda essa apresentação são: a Sagrada Escritura, a Tradição Apostólica e o Magistério da Igreja. As definições desse conteúdo constitui a riqueza do pensamento da Igreja sobre os mais variados assuntos e dimensões da vida da pessoa humana, da Igreja e da sociedade.

Vale a pena todo bom católico conhecê-lo na sua integridade, mais ainda para aqueles que servem na Igreja através da promoção da Catequese. Neste quinto artigo desta série sobre a catequese queremos lhe convidar a se interessar sobre a apresentação da catequese no Catecismo da Igreja Católica.

 

1. A catequese e a transmissão da fé

A definição de catequese presente no CIC é ampla. Dessa forma a catequese é vista como um “conjunto de esforços empreendidos na Igreja para fazer discípulos, para ajudar os homens a crerem que Jesus é o Filho de Deus, a fim de que, por meio da fé, tenham a vida em nome dele, para educá-los e instruí-los nesta vida, e assim construir o Corpo de Cristo” (CIC, 4).

“A catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com o fim de os iniciar na plenitude da vida cristã” (CIC, 5).

“A catequese se articula em torno de determinado número de elementos da missão pastoral da Igreja que têm um aspecto catequético e que preparam a catequese ou dela derivam: primeiro anúncio do Evangelho ou pregação missionária para suscitar a fé; busca das razões de crer; experiência de vida cristã; celebração dos sacramentos; integração na comunidade eclesial; testemunho apostólico e missionário” (CIC, 6).

O “símbolo da fé”, que é a coletânea das principais verdades da fé, é o ponto de referência primeiro e fundamental da catequese (cf. CIC, 188). A Catequese ensina e aprofunda o sentido daquilo no qual a Igreja acredita, celebra, vive e reza.

 

2. Cristo é o centro da catequese

O CIC afirma com muita firmeza que ao centro da catequese encontramos essencialmente uma Pessoa, a de Jesus de Nazaré, Filho único do Pai, que sofreu e morreu por nós e agora, ressuscitado, vive conosco para sempre… Por isso, catequizar é desvendar na Pessoa de Cristo todo o desígnio eterno de Deus que nela se realiza. E procurar compreender o significado dos gestos e das palavras de Cristo e dos sinais realizados por Ele. A finalidade definitiva da catequese é levar à comunhão com Jesus Cristo: só ele pode conduzir ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar da vida da Santíssima Trindade (cf. CIC, 426).

“Na catequese, é Cristo, Verbo Encarnado e Filho de Deus, que é ensinado – todo o resto está em relação com Ele; e somente Cristo ensina; todo outro que ensine, fá-lo na medida em que é seu porta-voz, permitindo a Cristo ensinar por sua boca” (CIC, 427).

Consequência direta desse compromisso é que todo catequista é chamado a fazer o maior esforço possível para conhecer a pessoa de Jesus Cristo, para ser fiel no seu ministério a Igreja. Dessa forma, não ensinará uma doutrina própria e estará em sintonia com Jesus que disse: “Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou” (Jo 7,16).

O CIC adverte os catequistas dizendo-lhes que não se trata de um conhecimento racional da pessoa de Jesus Cristo, mas de um envolvimento afetivo, amoroso com a pessoa do filho de Deus, do qual brota o desejo de anunciá-lo aos outros (cf. CIC, 428-429).

A catequese tem como missão desenvolver todas as riquezas do mistério de Cristo e circunstâncias da sua vida (cf. CIC, 513). Por isso é necessário que sejam capacitados, que tenham adequada formação na dimensão bíblica, comunicativa, pedagógica e dessa forma tenham a competência e o prestígio para poder servir com seriedade respeitando a integridade da fé (cf. CIC, 906-907).

 

3. Catequese e liturgia

O processo de formação catequética deve dar especial atenção à liturgia. “A liturgia é o ápice para o qual tende a ação da Igreja, e ao mesmo tempo é a fonte donde emana toda a sua força. Ela é, portanto, o lugar privilegiado da catequese do povo de Deus”.

“A catequese está intrinsecamente ligada a toda ação litúrgica e sacramental, pois é nos sacramentos, e sobretudo na Eucaristia, que Cristo Jesus age em plenitude para a transformação dos homens” (CIC, 1074).

A Catequese litúrgica tem como função estimular o processo de compreensão do sentido da celebração dos sacramentos e dos sacramentais. A catequese da liturgia é importante porque favorece aos fiéis catequizandos, desde cedo, vivenciarem a liturgia com mais consciência do significado de cada gesto, símbolo, rito.

 

4. Catequese e moral

Outra questão muito significativa colocada pelo CIC, com muita clareza e insistência, é a profunda relação que existe entre catequese e moralidade (cf. CIC 1454). A fé tem consequências morais, ou seja, deve qualificar a vida do discípulo de Jesus Cristo através da vida prática do Amor a Deus e ao próximo.

A catequese deve apresentar com clareza aos catequizandos o caminho da salvação. Isso significa estimulá-los a dar importância às decisões morais em vista da vida eterna. “Há dois caminhos, um da vida e outro da morte; mas entre os dois há grande diferença”. Importa, na catequese, revelar com toda clareza a alegria e as exigências do caminho de Cristo. Trata-se da catequese da “vida nova” (Rm 6,4) em Cristo que significa estimular o catequisando a identificar-se com a pessoa de Cristo percorrendo um caminho de santidade.

A catequese sensível à dimensão é uma catequese do Espírito Santo, Mestre interior da vida segundo Cristo, doce hóspede e amigo que inspira, conduz, retifica e fortifica esta vida” (cf. CIC, 1697); uma catequese da Graça, pois é pela Graça que somos salvos, e é pela Graça que nossas obras podem produzir frutos para a vida eterna; uma catequese das bem-aventuranças, pois o caminho de Cristo se resume às bem-aventuranças, único caminho para a felicidade eterna, à qual o coração do homem aspira; uma catequese do pecado e do perdão…; uma catequese das virtudes humanas, que faz abraçar a beleza e a atração das retas disposições em vista do bem; uma catequese das virtudes cristãs da fé, esperança e caridade, que se inspira com prodigalidade no exemplo dos santos; uma catequese do duplo mandamento da caridade desenvolvido no Decálogo; uma catequese eclesial, pois é nos múltiplos intercâmbios dos “bens espirituais” na “comunhão dos santos” que a vida cristã pode crescer, desenvolver-se e comunicar-se; uma catequese centrada em Jesus Cristo, que é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6) (cf. CIC, 1867.1698.1972).

 

PARA REFLEXÃO PESSOAL:

1. Como o CIC define a Catequese?

2. Qual é a relação entre catequese e liturgia?

3. Porque a Catequese deve se interessar pela dimensão moral?

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