Dom Carmo João Rhoden – SCJ
Bispo Emérito de Taubaté – SP
Todos nós pecadores sofremos. Nascemos chorando e morremos com lágrimas nos olhos, quando dá tempo…
Durante a vida, quanto sofrimento: separação de casais, filhos nas drogas, fome, miséria, pobreza, homicídios, suicídios, guerras (Ucrânia).
E dizer que o pecado não existe… que é invenção dos padres. Mas porque Maria teria que sofrer? Não conheceu o pecado. Foi a Mãe do Verbo encarnado: de Jesus. Foi a amada do Pai, a mãe do Redentor a melhor discípula do Espírito Santo. Repito: porque devia ela sofrer? Porquê? Como mãe queria estar ao lado do Filho até a Cruz.
Por quem ama, sofre. Depois de Cristo, houve alguém mais perto de Jesus e melhor discípula? Não. Tudo tem um custo. Também o amor.
1. A profecia de Simão (Lc 25-32)
Ele feliz, tomou em seus braços o menino Jesus e exclamou, afirmando para todos: “agora podes despedir teu servo pois seus olhos viram a tua salvação, que preparaste em face de todos os povos” (Lc 2-31).
Talvez Ela não atinasse plenamente como conteúdo da profecia, mas sabia certamente que o menino Jesus, veio para salvar, e conhecia bastante da escritura. E que uma espada haveria de transpassar seu coração maternal, compreendeu que isso importava em sofrimento: como? Quanto? Isto ainda era mistério.
2. Fuga
O que poderia pensar Maria ao ter que fugir para o Egito? Fugir para viver, pois às vezes, na fuga há salvação, mas como enfrentou as novidades? Língua, costumes, espirito religioso. Tudo tão diferente. Esperou certamente pelo momento oportuno de voltar. Este apareceu, inspirados por Deus, Maria e José voltaram. O Egito certamente estava na memória de Maria pois um dia seus antepassados, também de lá, haviam voltado.
3. Permanência de Jesus no templo
Havia sido inserido na cultura judaica pela mãe. O templo o atraia: Falar do Pai, discutir seus direitos e começar a missão. Era preciso começar cedo. Muitos falam da perda de Jesus no templo. Coitado de Jesus, perdido, logo onde, no templo até Ele (Jesus) é mal interpretado. A Mãe é elegante com o Filho, dizendo porque fizeste isto conosco? A resposta é misteriosa para a Mãe. “Não sabeis que devo me preocupar das coisas de meu Pai? O que José deve ter pensado. Maria meditava sobre os enigmas que a vida lhe apresentava” (Lc 2, 51).
4. Encontro com Jesus carregando sua cruz
Maria quer entender aos poucos sua missão. De fato, aos poucos as coisas se esclareciam. Ele vai para a Cruz. Fora traído por discípulo. Vendido bem barato e oferecido pelos soldados. Mas Ela, assim mesmo diminuía a distância do Filho que gemia, aproximando-se. Não sabemos o que Ela disse ao Filho, o que este lhe falou, mas seus olhares certamente lhes demonstraram seus sofrimentos e seus corações, suas angustias. Amorosos olhares de infinita doçura e de apoio. Foi o encontro mais triste e ao mesmo tempo mais confortador da história da humanidade.
5. Dor pela Morte de Jesus no Calvário
Junto a Cruz estava Ela. Invicta. O texto afirma que estava em pé, como quem enfrenta a situação. Ela certamente não quis aumentar o sofrimento do Filho. Como é bom em momentos semelhantes, ter a mãe ao lado. Sabendo Jesus que João, hoje, somos nós, Ele no-lo deu como mãe para estar ao nosso lado. E está sempre.
6. Descimento da Cruz
Não apenas tudo viu, mas, de tudo participou. Quis tê-lo em seus braços, como nos tempos de criança, mas agora a situação era bem diferente: morto, ensanguentado. Desfigurado. Esteve ao lado dele, vivo. Acompanhou-o quanto pode. Agora tinha em suas mãos, o fruto do seu ventre, para entregá-lo nas mãos do Pai, de quem viera. Católicos- esta é a nossa mãe.
7. Sepultamento
A sepultura de Jesus não foi um simples buraco: mas numa urna que continha um corpo diferente não em decomposição inicial, mas que esperava a ressurreição. Algo diferente, nunca visto. Os guardas deveriam ser o segurança, contra o roubo do corpo. Coitados. Caíram como fulminados. Sem querer foram testemunhos da ressureição. Felizes guardas aqueles… Mãe: isso não faz mais parte de tuas dores, mas da plenitude da tua vida. Hoje, lendo o evangelho, sentimos tuas dores- ó- mãe seguindo Jesus, sentimos tuas alegrias. Sim, queremos ser marianamente Cristocêntricos.