Domingo da Divina Misericórdia! 

Dom  Anuar Battisti 
Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

Queridos irmãos e irmãs, 

Neste Segundo Domingo da Páscoa, celebramos a Divina Misericórdia e escutamos novamente o Evangelho de São João, que nos apresenta a aparição de Jesus aos discípulos reunidos no Cenáculo. 

O cenário é de medo e incerteza. Os discípulos estão fechados, isolados, ainda abalados pela paixão e morte do Senhor. Mas é justamente nesse contexto de temor que Jesus Ressuscitado entra e se coloca no meio deles, dizendo: “A paz esteja convosco”. 

Essa saudação não é apenas um desejo. É o próprio dom da Ressurreição: a paz que nasce do amor que venceu o ódio, da vida que venceu a morte. Jesus mostra as suas chagas — sinais do amor levado até o extremo — e sopra sobre eles o Espírito Santo, dando-lhes o poder de perdoar os pecados. 

Hoje, ao contemplarmos essa cena, somos convidados a reconhecer que também nós, muitas vezes, nos fechamos em nossos medos, dúvidas e pecados. Mas Cristo não respeita essas barreiras: Ele atravessa as portas trancadas dos nossos corações e nos oferece o dom da Sua paz e da Sua misericórdia. 

O Evangelho também nos apresenta Tomé, que não estava presente na primeira aparição. Quando os outros lhe contam que viram o Senhor, ele duvida. Tomé quer ver, tocar, experimentar. E quando Jesus volta uma semana depois, atende com amor ao pedido de Tomé, convidando-o a tocar em Suas feridas. 

Então, Tomé faz uma das mais belas profissões de fé de toda a Escritura: “Meu Senhor e meu Deus!” 

Essa confissão nos ensina que a fé cristã é um encontro pessoal com Cristo. Não é simplesmente acreditar em ideias, mas reconhecer Jesus vivo, presente e atuante em nossa vida. Mesmo sem vê-Lo fisicamente, nós somos chamados a confiar na Sua palavra e no testemunho da Igreja. 

Jesus diz: “Felizes os que creram sem ter visto!” — e essas palavras são para nós. Somos chamados a uma fé que ultrapassa os sentidos e que se firma na confiança no Senhor. 

Neste Domingo da Divina Misericórdia, somos convidados a abrir nossos corações para experimentar essa misericórdia que é maior que nossos pecados, nossos limites e nossas dúvidas. A misericórdia de Deus é como o sopro renovador do Espírito que nos levanta e nos envia a anunciar o Evangelho da paz. 

Confiemos, portanto, na misericórdia de Deus! Pratiquemos a misericórdia para com os irmãos! Sejamos sinais vivos da paz de Cristo no mundo! 

Jesus, eu confio em Vós! 

Amém. 

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