Cardeal Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS) 

 

 

A COP30, num mundo radicalmente transformado, entregou o que era possível! Apresentou avanços na agenda de adaptação climática, sem esquecer a urgência de combater as causas da mudança climática. As decisões finais tocam em aspectos essenciais da questão: adaptação climática, financiamento, transição justa, medidas para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Entretanto, a aplicabilidade de tais aspectos requer decisões políticas objetivas, determinadas, claras. Tarefa esta da competência de estadistas. Das necessárias decisões acertadas de pessoas, instituições e territórios depende o futuro das novas gerações. Todavia, recentemente, o Congresso Nacional derrubou vários vetos ao Novo Marco do Licenciamento Ambiental, contradizendo as metas estabelecidas durante a COP30.  

O acordo celebrado em Belém (PA) não apresentou indicações claras de como superar o uso dos combustíveis fósseis e de como combater o desmatamento criminoso. As divergências entre os países participantes da COP30 se devem à questão do financiamento climático. Países cuja economia baseia-se na exploração e comercialização de combustíveis fósseis reclamam uma contrapartida, enquanto consumidores não querem se comprometer!  

A questão do clima é existencial, de relações! Urge compreender sempre mais e melhor que o ser humano é essencialmente um ser de relações: com Deus, seus pares, o meio ambiente e consigo mesmo. Reconhecer e promover isto que o constitui, se torna sempre mais desafiador! Sem a compreensão deste aspecto identitário, dificilmente se avançará na superação do necessário para fazer frente aos problemas que o aquecimento climático impõe a todos. É necessário conversão!  

Conversão é a exortação de Jesus de Nazaré a todo ser humano de boa vontade. Ou nos empenhamos em preservar a Terra – e ela é generosa e hospitaleira, não podendo ser compreendida apenas como um recurso com o qual se deve lidar! -, ou desmoronaremos em nossa destruição. “Somos guardiães da obra de Deus! Tarefa esta exigente, mas bela, fascinante, que constitui um aspecto primordial da experiência cristã” (Leão XIV).  

 

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