Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
A bíblia é fruto primeiro da inspiração do Espírito Santo, mas também a partir da prática de fé das pessoas em suas comunidades. Podemos até falar de relato histórico do que acontecia na cultura em cada livro bíblico. A finalidade envolve um processo de escolha que Deus faz para atingir um objetivo bem determinado, isto é, que a pessoa seja santa e irrepreensível (cf. Ef 1,4).
Nas eleições fazemos as nossas escolhas, que sejam fruto de maduro discernimento. Corremos o perigo de escolher pessoas que se apresentam como “falsos messias”, que são capazes de enganar o povo (cf. Mt 24,23). A Palavra bíblica diz que somos eleitos de Deus, santos, amados e seus filhos com a prerrogativa de herança da vida eterna, “conforme a decisão de sua vontade” (Ef 1,5).
Diante das escolhas de Deus, fazemos também as nossas. Não é fácil discernir bem, porque isso exige muita maturidade e visão de futuro. Os critérios humanos são extremamente limitados e carentes de uma certeza aparente para uma opção segura. Significa que dependemos da luz divina, da força construtora dos indicativos do Espírito Santo de Deus para agir com a consciência madura.
Nas eleições vamos escolher pessoas que devem servir o país e os Estados da Nação. O Apóstolo Paulo diz que “o maior servirá ao menor” (Rm 9,12). Não que o eleito seja maior que o eleitor, mas foi referendado para uma missão de serviço e de promotor da justiça entre as pessoas. Mesmo que todos os brasileiros precisam ser justos, o compromisso é mais sério ainda para quem governa.
Terminou o tempo de registro de candidaturas, e agora começam as corridas frenéticas pelo voto. Muitos dos ostracismos na convivência são agora, temporariamente superados, porque os candidatos procuram criar proximidade com seus possíveis eleitores para conquistá-los. Até parece vivenciar a prática do amor tão querido por Jesus nas palavras motivadoras do Evangelho.
Os cristãos foram escolhidos por Deus através do batismo. Isso revela a atenção do Senhor para com seus eleitos. Significa a grandeza do amor e da graça com que Deus acompanha seu povo na história. Além de tudo, fomos dotados de capacidade para decidir especialmente nas horas fundamentais da vida humana. O Brasil vive momento desses, quando vamos escolher novos governantes.