Em momento histórico, jovens falam aos bispos durante o XV Assembleia Geral do Sínodo

Os jovens tiveram oportunidade de falar aos padres sinodais de seus desafios e sonhos, na última quarta-feira, 10, durante as atividades desta XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que acontece no Vaticano. Mais de 80% das intervenções na assembleia do Sínodo sobre fé e acompanhamento foram realizadas pelos jovens presentes. “Podemos dizer que esse é um momento histórico na Igreja”, revela o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Antônio Ramos do Prado.

Os jovens falaram aos padres sinodais de seus reais desafios e sonhos. Esta intervenção acolhida pelos bispos delegados do mundo inteiro e pelo papa Francisco é considerado histórica, por levar os jovens para dentro e escutarem seus conselhos. Na foto em destaque, acima, o jovem brasileiro Lucas Galhardo.

Em entrevista ao regional Leste 2 da CNBB, o bispo coadjutor de Nova Iguaçu (RJ), dom Gilson Andrade da Silva, recordou este momento, quando era trabalhada a dimensão da interpretação no processo de discernimento vocacional, o que está no segundo capítulo do instrumento de trabalho do Sínodo. O que foi mais marcante nas falas foi a respeito do acompanhamento.

Dom Gilson Andrade | Reprodução Regional Leste 1 da CNBB

“Houve testemunhos muito bonitos de jovens e inclusive bispos falando do acompanhamento de um padre, uma religiosa de um leigo, como ajudou no discernimento vocacional, no encaminhamento para a vida. Houve um testemunho bonito de um jovem do Canadá pedindo que houvesse mais pessoas preparadas para acompanhar os jovens, que os jovens precisam realmente de alguém que os escute, de alguém que ganhe tempo com eles”, relatou dom Gilson, que é um dos delegados da CNBB no Sínodo para a Juventude.

Para dom Gilson, a Igreja irá aproveitar este tema para ajudar mais a juventude. Ele também recordou que os jovens pediram confiança.

Padre Antônio Prado também recordou o desafio posto à Igreja, que deve responder aos apelos dos jovens em relação ao acompanhamento. “Os adultos da Igreja estão muito distantes dos jovens e dessa forma não conhecem as suas linguagens e acabam por se afastar deles, pois tem dificuldade de escutar e dialogar”, pondera.

Nesses dias, os jovens sinodais continuarão fazendo suas intervenções, partilhando as realidades que se encontram a juventude de seus continentes e ao mesmo tempo estarão pedindo respostas concretas para a Igreja, de acordo com padre Antônio. “O papa Francisco terá um belo material, fruto dessa escuta, para orientar toda Igreja”, afirma.

Novo tom
A presença dos jovens também foi ressaltada pelo prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, o cardeal brasileiro João Braz de Aviz. “O próprio ambiente do Sínodo é interessante porque a presença dos jovens deu uma nota nova, de vez em quando tem um “uhuu”, que é muito interessante, o que nós não tínhamos nos outros sínodos”, contou em entrevista ao Vatican News.

Cardeal Aviz ressaltou que os debates com as falas dos jovens e dos bispos seguem sempre na direção “do amor pelos jovens, de mudar a nossa posição, de estar num caminho comprometidos com todos”.

Outro tópico comentado foi a presença do papa Francisco, que é silenciosa, “mas de um silencio muito ativo”, que está “dando uma grande segurança no caminho”, como pontuou o cardeal.

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