Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! A celebração do Natal é uma grande oportunidade que Deus nos oferece a cada ano para revermos a nossa vida, a partir do nosso relacionamento com os outros, na família, no ambiente de trabalho, na comunidade, onde celebramos a nossa fé e na sociedade. O Natal também nos traz presente a família, com todos os seus valores e suas fragilidades. Mas nenhuma fragilidade é maior do que aquela marcada pela falta de amor, que abandona, que não está aberta para acolher e proteger a vida, em todas as suas realidades.
Eu gostaria de reforçar a importância dessa oportunidade que o Senhor nos oferece a cada ano, para olharmos com amor a vida. Às vezes, nós não nos damos conta de que o sagrado dom da vida não está sendo valorizado como deveria. O viver, ao invés de nos dar alegria, torna-se um caminho marcado pela dor do abandono e do desprezo, que percorremos sem muito entusiasmo, ou sem sentir a presença do amor de Deus, que se manifesta também nos gestos dos irmãos.
No frágil presente de Deus, celebrado no Natal, está a força insuperável do amor divino, que assume a fragilidade da nossa condição humana para nos dar a dignidade da filiação divina. Nas nossas comunidades e nas nossas famílias temos várias formas de nos preparar e expressar os nossos sentimentos e a nossa alegria na espera e na celebração do Natal. Muitos pais acolhem este momento como uma oportunidade para transmitir aos filhos tradições familiares centenárias sobre a celebração do Natal em família. Outras famílias vivem o Natal como um momento forte de confraternização, de reconciliação e de construção da paz.
Na realidade de hoje temos muitas formas para representar a mensagem do Natal, mas creio que o presépio nos fala do despojamento e da simplicidade da vinda do Filho de Deus entre nós. Ele nos leva a refletir sobre a encarnação e o mistério do Natal; sobre a humanidade de Deus – a sua transparência e a sua revelação –, uma humanidade autêntica, descrita de forma simples e profunda.
No presépio contemplamos o Jesus homem, na fragilidade de uma criança, na humildade do seu nascimento. Nessa imagem tão frágil estão presentes todos os acontecimentos históricos de Jesus, o Salvador. O Deus revelado por Jesus não é apresentado com os traços da potência e da força, mas revelado na sua humanidade. Na humanidade de Jesus transparece a sua divindade, que revela em Cristo o ponto mais alto da aliança entre Deus e o homem, onde Deus é solidário, benevolente, misericordioso, manso, acolhedor, hospitaleiro e capaz de perdoar.
Que a luz da estrela de Belém ilumine os teus passos e a tua vida de “peregrino de esperança”. Um abençoado e santo Natal a todos.
