Marta Valéria Cunha, membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT) do estado do Amazonas, apresentou aos participantes do 3º Encontro Regional sobre a Amazônia
uma análise dos projetos que o Governo Federal está implantando na Norte do país através do Plano de Aceleração do Desenvolvimento (PAC). O encontro teve início hoje em Manaus com a pauta voltada para uma análise da realidade política, social, econômica, cultural e religiosa da Amazônia Continental.
Marta destacou especialmente os projetos brasileiros referentes a transporte, energia e agrocombustíveis, que, na sua opinião, estão a serviço do capitalismo. “O modelo capitalista de desenvolvimento, baseado na privatização da vida, vê a Amazônia como uma região que deve ser explorada para garantir o lucro a qualquer custo e sai avançando sobre os bens naturais, seus povos e comunidades tradicionais que preservaram e cuidaram da Amazônia”, ressaltou.
Ela cobra projetos que levem em conta a participação dos amazônidas. “Quem pensa a Amazônia? Não são seus povos e comunidades tradicionais que nela habitam”, lamentou.
Desenvolvimento solidário
O membro da coordenação da Caritas Brasileira, Ademar Bertucci, também destacou os modelos de desenvolvimento propostos para a Amazônia. Ele disse que há um modelo de desenvolvimento “predatório” que precisa ser substituído por um desenvolvimento “solidário e sustentável”.
Na sua opinião, são indicadores deste desenvolvimento a superação do quadro de injustiça socioambiental, da exclusão e da miséria, da concentração de terra com uso predatório; da urbanização desenfreada, da industrialização destruidora das relações de trabalho.
As condições para um desenvolvimento sustentável, de acordo com Bertucci, se dão a partir do “compromisso uma sociedade não excludente, do rompimento com a visão utilitarista do meio ambiente, das novas relações de poder participativo e da ética da equidade”.