Escutar, discernir e viver a vocação

Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta

 

Ainda animados pela celebração da Páscoa, e pela certeza do Ressuscitado vivo e presente na vida pessoal e na história da humanidade, no quarto domingo do Tempo Pascal nos é apresentada a figura de Jesus Cristo, o Bom Pastor. Sem dúvidas, uma das mais belas imagens usadas pelo próprio Mestre de Nazaré para falar de si mesmo e da sua relação conosco, suas ovelhas, seu rebanho. Ele dá a vida pelas ovelhas, conhece-as todas, nunca as abandona. Não tira proveito delas, mas quer somente o seu bem. Por sua vez, as ovelhas o reconhecem pela sua voz e o seguem, pois sentem-se acolhidas, amadas e cuidadas.

Com esta Palavra motivadora, celebra-se neste dia o 55º Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Em sua mensagem, o Papa Francisco nos convida a “escutar, discernir, viver o chamado do Senhor”. Esta temática está ligada ao Sínodo dos Bispos sobre Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, que acontecerá em Roma em outubro próximo. De fato, não estamos no mundo perdidos, mas “a nossa vida e a nossa presença no mundo são fruto duma vocação divina” (Francisco), que deve ser reconhecida, acolhida e vivida. Nela se manifesta o desejo de Deus para todas as pessoas: a alegria, uma vida feliz e movida pelo amor.

Mas como saber o que Deus pensou para mim? Para escutar este chamado de Deus precisamos “preparar-se para uma escuta profunda da sua Palavra e da vida, prestar atenção aos próprios detalhes do nosso dia-a-dia, aprender a ler os acontecimentos com os olhos da fé e manter-se aberto às surpresas do Espírito” (Francisco). Além de escutar, é preciso discernir o chamado. “Todo o cristão deveria poder desenvolver a capacidade de «ler por dentro» a vida e individuar onde e para quê o está a chamar o Senhor a fim de ser continuador da sua missão” (Francisco). Através do diálogo com o Senhor e com um orientador, conseguirá ver a beleza de uma vida que vale a pena ser doada. Enfim, a vocação é para ser vivida, no hoje de nossa vida, sem medo. “A vocação é hoje! A missão cristã é para o momento presente! E cada um de nós é chamado – à vida laical no matrimônio, à vida sacerdotal no ministério ordenado, ou à vida de especial consagração – para se tornar testemunha do Senhor, aqui e agora” (Francisco).

Nossos jovens têm o direito de encontrar em nossas famílias e comunidades acolhida às suas grandes questões existenciais. Como resposta à sede humana de Deus, presente no coração, a Igreja oferece Jesus Cristo, “água viva” (cf. Jo 4,14). No encontro com Cristo e num percurso de fé que cresce na maturidade, abre-se a possibilidade da escuta do Senhor para elaborar um projeto de vida cheio de sentido. A vocação, portanto, supõe um caminho de fé.

Aos pais e mães, aos consagrados e aos padres é muito importante que testemunhemos aos jovens o que ébelo, o que fascina e faz valer a pena viver a vocação. O modo como vivermos nossa vocação será determinante para que outros jovens se encantem pelo matrimônio ou por uma vida de especial consagração. Além disso, continuemos a rezar pelas vocações, acolhendo o que o Senhor disse: “Pedi ao dono da messe que envie operários à sua messe” (Lc 10,2).

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