Começa hoje novo ano da Igreja com o tempo do Advento. Advento significa vinda. A vinda do Senhor Jesus. Ele veio na plenitude dos tempos de preparação
para a sua encarnação, pregação do evangelho, e realização do sacrifício da sua vida terrestre para ser nosso salvador e redentor.
Há nessa vinda o sentido da história que se realiza no tempo. Mas há o sentido próprio para ser aceito recebido ou recusado por cada criatura humana, desde a sua vinda até a consumação dos séculos. Aqui está o sentido da proposta da Igreja que se renova cada ano, recordar a história terrena de Jesus e a sua constante vinda para o encontro pessoal com cada um.
Três são as intervenções do Senhor, o Verbo de Deus, nos acontecimentos humanos.
Primeiramente na criação: o Verbo, Palavra de Deus, apresentado na Bíblia na origem das coisas. Deus disse e as coisas foram feitas. A Palavra cria.
Depois no coração da história, o Verbo se encarna. O prometido do Senhor, anunciado pelos profetas, Jesus, nasce em Belém. Acontecimento quase subversivo para a humanidade. Daquele dia em diante, medimos o tempo, numeramos os anos.
Enfim, Jesus nos disse que voltará no fim dos tempos, para concluir em si a história humana, para recolher no seu Reino as criaturas humanas, apresentá-las ao Pai. Assim, nós cristãos , no Advento, comemoramos, antes de tudo, alguém que já veio, isto é revivemos o momento da sua entrada na história faz 2009 anos. Meditamos em sua vinda no fim dos tempos, e a preparamos. Descobriremos que nossa vida de cristãos se desenrola entre as duas vindas de Cristo.
O profeta Jeremias 33,14-16, comunica uma palavra de esperança ao povo de Israel ameaçado com grande terror por Nabucodonosor da Babilônia, setecentos anos antes de Cristo: “Farei brotar para Davi um rebento de justiça. Naqueles dias Judá será salvo.” O rebento é o Messias que deve vir, Jesus. O evangelho narrado por Lucas 21,25-28.34-36, mostra Jesus nos falando de sua vinda no final dos tempos. Os hebreus da Palestina estavam curiosos, como nós, e perguntavam a Jesus sobre o futuro de Jerusalém e sobre o fim do mundo. A resposta em linguagem insólita: “Haverá sinais no sol e na lua, angústia dos povos diante do fragor do mar encapelado; as potências do céu serão agitadas. Os estudiosos explicam que se trata de linguagem apocalíptica, próprio dos antigos profetas, sobre a revelação dos últimos acontecimentos. A literatura atual usa muitas vezes esse gênero catastrófico.
Em Jesus, porém, encontramos muito além da linguagem de terror, sinais de esperança e convites explícitos para confiança: “Levantai-vos, elevai a cabeça, a vossa libertação está próxima”, plenitude de liberdade e de vida que trará com a sua vinda final. Jesus assegura aos discípulos a sua presença, vizinha a todos: “Verão o Filho do homem vir sobre uma nuvem, com poder e grande glória”.
O Advento é assim o tempo que a Igreja propõe aos cristãos para programar nossa existência à luz de Cristo. “Estai bem atentos, que vossos corações não caiam em dissipações, embriaguez e preocupações da vida. Vigiai e orai”. Não existe um relógio despertador que nos adverte para o momento exato. Devemos prover nós mesmos. O Senhor nos adverte para não dormir, mas vigiar. E explica porque: para evitar o pecado que obscurece a inteligência e faz pesado o coração.
São Paulo explica aos Tessalonicenses: “O Senhor vos faça crescer no amor de um para com todos” e ainda “tornar constantes e irrepreensíveis os corações na santidade”. As virtudes teologais são a base de nossa vida cristã. Com a fé, o cristão olha o passado, o Menino nascido em Belém e diz: é o Filho de Deus, que se fez homem por nós. Com a esperança, o cristão olha o futuro, o fim dos tempos, quando Jesus voltará para recolher os homens no seu reino, e deseja que estejamos entre os que Jesus considera seus amigos. Com a caridade, o cristão se põe a viver este tempo que lhe é dado, realizando concretamente o amor para com Deus e nossos semelhantes. O consumismo com a troca de presentes, por si só, não realiza o Natal de Jesus!