Com o tema “Discipulado missionário: do Brasil para um mundo secularizado e pluricultural, à luz do Vaticano II” e lema “Como o Pai me enviou, assim eu vos envio (Jo 20, 21)”, Palmas (TO) sedia nos dias 12 a 15 de julho, o 3º Congresso Missionário Nacional, evento que deve reunir 600 pessoas de todas as regiões do país.
Realizado pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) e demais forças missionárias da Igreja Católica no Brasil: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB); Conselho Missionário Nacional (Comina) e Centro Cultural Missionário (CCM), o 3º CMN tem por objetivo preparar as lideranças missionárias para o 4º Congresso Missionário Americano (CAM 4) que também é o 9º Congresso Missionário Latino-Americano (Comla 9), que serão realizados em Maracaibo, Venezuela, em 2013.
Outra reflexão importante e central durante o evento brasileiro será o mundo secular e pluricultural em que vivemos hoje e o papel da dimensão missionária nessa nova realidade. Segundo o presidente da Sociedade dos Catequetas Latino-americanos, irmão Israel José Nery, é preciso rever práticas enquanto Igreja essencialmente missionária. “Diante da realidade do mundo em mudança é preciso, sem dúvida, rever em profundidade o significado de missão e de evangelização e, consequentemente, de discípulo missionário”, diz Nery que contribui para a reflexão acerca do tema para o Instrumento de Trabalho do evento.
O presidente da Comissão Episcopal para a Animação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB, dom Sérgio Arthur Braschi destaca a sua importância do 3º CMN para a Igreja no Brasil. “O 3º CMN é de suma importância para a nossa Igreja. Ele se insere nas preocupações da Igreja como forma de transmissão da fé para as novas gerações de famílias e novas comunidades desse nosso mundo secular e pluricultural”, sublinha.
Já o arcebispo de Palmas (TO) dom Pedro Brito Guimarães, presidente de honra do evento, deixa sua mensagem lembrando-se dos preparativos que ainda há pela frente. “Estamos em contagem regressiva para este grande evento que será um divisor de águas para a Igreja no Brasil, portanto, Conselhos Missionários Regionais, Conselhos Missionários Diocesanos, paróquias, congregações, associações, vamos nos organizar para os últimos preparativos deste Congresso. Ele, sem dúvida será um encontro para fortalecer questões que precisam ser evidenciadas na Igreja no Brasil”, destaca.
Durante os quatro dias de Congresso serão ainda abordados temas como o discipulado no Brasil e no mundo; as contribuições do Concílio Vaticano II para a dimensão missionária, 50 anos após a sua realização e, o discipulado missionário ad gentes (além-fronteiras) no Brasil e no mundo.
Para o diretor nacional das POM, padre Camilo Pauletti, o evento é um tempo propício para a troca de experiências missionárias, para observar como a dimensão missionária acontece em todas as regiões do país e além-fronteiras, bem como para conscientizar mais sobre a importância das missões. “O encontro vai possibilitar a união de forças missionárias da Igreja no Brasil, vai criar um novo ardor e uma nova força para todos os trabalhos missionários, assim como nos levará a celebrar e fazer com que os participantes tenham a oportunidade de partilhar seus testemunhos e voltar para casa mais animados”.
Participantes
Todos os regionais têm pelo menos uma vaga por diocese. Regionais menores até duas vagas. Quase 300 dioceses têm a oportunidade de enviar pelo menos um representante que se envolve nas bases com a dimensão missionária, seja coordenador de Conselhos Missionários Regionais (Comires); Diocesanos (Comidis) e Paroquiais (Comipas). A escolha é feita pela coordenação missionária do Regional. Também participarão representantes de organismos, institutos, congregações missionárias, além de convidados de países do continente americano, ex-diretores das POM e instituições que apoiam as Pontifícias Obras Missionárias.
História
O 1º Congresso Missionário Nacional foi realizado em Belo Horizonte (MG), de 17 a 20 de julho de 2003, em preparação aos Congressos Missionário Americano (CAM 2) e Latino Americano (Comla 7) na Guatemala. O local desse evento fez lembrança à celebração do 5º Congresso Missionário Latino-americano (Comla 5), que aconteceu de 18 a 23 de julho de 1995. Nesta ocasião refletiu-se sobre os fundamentos trinitários da Missão, a gratuidade da Missio Dei, o protagonismo dos pobres, o papel das pequenas comunidades e a articulação missionária da grande comunidade.
O impulso do tema geral expressava o testemunho tocante e profético da Igreja da Guatemala e de toda América Central: “Anunciar o evangelho da paz a partir da pobreza, da alteridade e do martírio”. Os compromissos do evento podem ser resumidos em três palavras-chaves: gratuidade, comunidade, projeto.
Já o 2º CMN aconteceu em Aparecida (SP) e refletiu o tema “Do Brasil dos batizados ao Brasil de discípulos missionários sem fronteiras” e o lema “Igreja no Brasil: escuta, segue e anuncia” com o objetivo de assumir a “natureza missionária”, guiados pelo Espírito, a serviço do Reino, à luz do Documento de Aparecida em vista do Cam 3 – Comla 8, realizado em Quito, capital do Equador.
As reflexões se deram em torno das diversas perspectivas do discipulado-missionário entre paróquia missionária, missão continental e missão ad gentes. Fez-se memória dos 40 anos da Conferência de Medellín, onde os participantes encontraram o DNA da missionariedade latino-americana, a partir da opção pelos pobres. Aprofundou-se o sugestivo tema do CAM 3 – Comla 8, “Missão ad gentes como missão para a humanidade”, à luz do ensinamento do Vaticano II.