Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

 

 

Este é o meu Filho amado 

Festa da Transfiguração do Senhor 

A celebração do 18º Domingo do Tempo Comum dá lugar à Festa da Transfiguração do Senhor.  A Festa da Transfiguração do Senhor é sempre celebrada no dia 6 de agosto, independente do dia de semana que ocorra, por isso, se o dia 6 cair num domingo, a Festa da Transfiguração se torna preceito e ocupa a celebração daquele domingo. Este dia é também propõe o dia de orações pelos cristãos perseguidos. 

O mês de agosto que iniciamos na última terça-feira é especial para a Igreja, pois é o mês dedicado às vocações. Escutemos a voz do Senhor, e para qual vocação Ele nos chama, e o sirvamos mais de perto em cada irmão e irmã.  

Neste primeiro domingo de agosto, recordamos a vocação ao ministério ordenado, diáconos, padres e bispos. No último dia 4 (sexta-feira), recordamos o Dia do Padre. No próximo domingo, recordaremos o Dia dos Pais (e iniciaremos a Semana Nacional da Família); já no terceiro domingo (Festa da Assunção de N. Sra. Transferida), a vocação à vida religiosa; e, no último domingo desse mês, será a vez da vocação dos catequistas e leigos. Portanto, esse é um mês especial. Rezemos ao Espírito Santo que ilumine toda a Igreja e continue a soprar novos ventos, com mais pessoas dispostas a servirem o Reino de Deus.  

No Evangelho deste domingo, Jesus sobe ao Monte Tabor e se transfigura diante dos discípulos Pedro, Tiago e João. Jesus abre o Novo Testamento e os profetas Moisés e Elias, que aparecem no evangelho, representam a Antiga Lei e a aliança que Deus fez com o povo de Israel. Jesus é a nova aliança e ensina a nova lei que é a lei do amor. Acolhamos essa nova lei que Jesus traz e selemos uma aliança eterna com o criador.  

A primeira leitura da missa desse domingo é da profecia de Daniel (Dn 7,9-10.13-14). Daniel era um profeta visionário, ou seja, tinha visão de futuro, e tinha uma visão “Teofanica”, que era a visão de Deus, do mesmo modo que Moisés, Daniel conversava com Deus através de seus mensageiros ou de uma nuvem. No trecho da leitura de hoje, Daniel, por meio de um sonho, vê um ancião de muitos dias, com a veste branca como a neve e os cabelos da cabeça como lã pura. Esse ancião que Daniel vê é o próprio Deus, sentado em seu reino glorioso nos céus e que um dia virá para julgar o céu e o terra. A visão de Daniel nessa primeira leitura é semelhante a que Pedro, Tiago e João terão no evangelho que veremos a seguir. Eles veem Jesus em seu reino glorioso após a ressurreição e querem ficar lá com Ele. Mas é necessário passar primeiro pelos sofrimentos para depois chegar à glória. O Reino de Deus é possível a todos e é um reino que nunca se dissolverá.  

O salmo responsorial é o 96(97), que diz em seu refrão: “Deus é rei, é o Altíssimo, muito acima do universo”. Esse salmo retrata a grandeza de Deus e afirma que tudo o que existe no universo é por obra de Deus.  

A segunda leitura da missa desse domingo é da segunda carta de São Pedro (2Pd 1,16-19). Nesse trecho da carta, Pedro dá um testemunho a respeito de Jesus Cristo e diz que nada foi inventado de tudo aquilo que foi escrito, aquilo que se fala a respeito de Jesus não é uma fábula ou conto de fadas, mas eles falam daquilo que viram. Pedro cita, inclusive, a passagem do Monte Tabor, sobre a transfiguração que ouviremos hoje. A partir do testemunho dos apóstolos e da revelação da ressurreição de Jesus, tudo aquilo que era obscuro se torna claro, à luz da fé.  

O Evangelho desse domingo é de Mateus (Mt 17, 1-9). Esse trecho do Evangelho retrata a transfiguração de Jesus no Monte Tabor. Jesus toma Pedro, Tiago e João e os leva a uma alta montanha, conhecida como Monte Tabor, para rezar com eles. Jesus se transfigura diante deles, ou seja, muda de aparência. Jesus fica com uma aparência gloriosa, luminosa, a mesma aparência que Ele ficaria após a ressurreição.  

Nesse meio tempo, aparecem Moisés e Elias e começam a conversar com Jesus. Pedro, vendo isso, diz que é bom estarem ali e que deveriam fazer três tendas: uma para Moisés, outra para Elias e outra para Jesus. Pedro ainda falava quando uma nuvem os cobriu e da nuvem uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!” (Mt 17, 1-9). Ao ouvirem a voz, os discípulos se assustaram e caíram por terra. Jesus toca neles e pede para que eles seguissem sem medo o seu caminho. Jesus recomenda que os discípulos não contassem a ninguém a visão que tiveram, pelo menos até que Jesus tenha ressuscitado dos mortos.  

Os profetas já haviam passado por esse mundo, estavam revestidos de glória e esperavam que após a morte, Jesus se juntaria a Eles. Essa cena é a junção do Antigo com o Novo Testamento. Os dois profetas mais importantes do antigo testamento, junto com Jesus, que instaura definitivamente o Reino de Deus. Nessa cena do Evangelho, vemos a primeira aliança de Deus com a humanidade e a aliança definitiva que seria selada com a paixão, morte e ressurreição de Jesus.  

Pedro queria permanecer ali, pois estava feliz por estar na glória. Ele, naquele momento, pensava como os homens e não como Deus. Mas é necessário pensar como Deus e ver que o sofrimento é necessário para entrar na glória.  

Celebremos cheios de fé e confiança a Festa da Transfiguração do Senhor e pensemos como Deus. Iluminados pelo Espírito Santo, passemos pelos sofrimentos do mundo terreno para entrarmos na glória eterna.  

Rezemos ainda nas missas desse final de semana por todos os diáconos, padres e bispos, para que à semelhança do Cristo Bom Pastor sejam fiéis ao rebanho a eles confiados. Estamos no ano vocacional, peçamos ao Bom Pastor operários para a sua messe. Amém.  

 

 

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