Evangelização e ação pastoral comprometida com os pobres no contexto urbano

A ideia da criação dos secretariados regionais, surge em 1962 na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Respondendo a um apelo do papa João XXIII, os bispos reunidos no Rio de Janeiro, durante a 5ª Assembleia Geral da CNBB, decidiram dois importantes rumos para a vida eclesiástica nacional: a criação dos secretariados regionais e a elaboração de um plano de emergência do episcopado. Assim, seguindo o princípio da participação efetiva das províncias eclesiásticas na responsabilidade não só de suas respectivas províncias, mas também de toda a região, nascem os Secretariados Regionais. Naquele mesmo ano, aos 11 e 12 de agosto, no Colégio Nossa Senhora de Sion, localizado na avenida Higienópolis, 983, São Paulo, setor 4, houve a primeira reunião do Secretariado Regional Incompleto.

Na ocasião foi apresentado o Plano de Emergência do Regional, tendo em vista o alto índice de industrialização da região, sua inquietação social, requerendo o estudo da sindicalização urbana, dentro do espírito da Mater et Magistra. Evolução e Dinamismo da Ação Pastoral do Estado de São Paulo.  Não é possível, ao falar da história, recordar grandes bispos que marcaram a vida do regional, como Dom Paulo Evaristo Cardeal Arns, toda sua vida dedicada ao anúncio do Evangelho especialmente dos pobres; Dom Angélico Sândalo Bernardino, que foi bispo auxiliar de São Paulo e presidente do Regional Sul 1, tendo dedicado seu episcopado aos grandes desafios da época:

A visita do Papa João Paulo II deu novo vigar e coragem ao Regional Sul 1 e para sua atuação pastoral das 6 Regiões Episcopais da Arquidiocese de SP e nas 37 dioceses, à época.  Urgente e necessária transformação estrutural era necessária. Esta transformação tinha como objetivo geral aplicar as diretrizes da ação pastoral da CNBB Nacional em comunhão com a Santa Sé, às dioceses do Estado de São Paulo.

A criação dos Sub-Regionais – O Regional foi pioneiro no Brasil na criação de sub-regionais, fato que deu novo rosto pastoral e ação evangelizadora, na perspectiva da Comissão Representativa do Regional Sul 1. Assim, procurou-se atingir – através de suas Dioceses e paróquias – o Povo de Deus, conceito elaborado no Concilio Vaticano II. Trouxe positivamente uma visão eclesiológica absurdamente nova e aberta para formas novas e expressões nova da pastoral no cotidiano do Povo de Deus. Por causa disto, o Episcopado Paulista teve diante de si novos desafios: reorganizar pastoralmente suas dioceses e equipes, formar presbíteros com uma visão mais aberta e corajosa aplicando o método Ver-Julgar-Agir.

No Regional Sul 1 destaca-se a atuação firme de 2 grandes bispos presidentes de Sub-Regionais, respectivamente: Dom David Picão, Bispo de Santos, a quem coube o esforço de estruturar o Sub-Regional SP2 e Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, à época Bispo de Guarulhos oriundo do presbitério da Diocese de São João da Boa Vista, que aplicou e colaborou firmemente quanto às exigências da ação evangelizadora, advinda de resultados dos Sínodos Continentais, sobretudo, o Sínodo da América.

Dom David Picão, Bispo de Santos, terá forte atuação na etapa posterior do Regional Sul 1, na reorganização do Regional Sul 1, adaptando-o – do ponto de vista canônico e civil – com consequências práticas nas pastorais diocesanas, diante do Estatuto Canônico da CNBB Nacional. As Assembleias do Episcopado Paulista durante a década de 90 revelariam a força e constituição de um laicato corajoso e valente.

Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, Bispo de Guarulhos, abraçou as diretrizes pastorais do Papa João Paulo II e fora voz firme adjunto aos Bispos Paulistas. Os Sub-Regionais foram um ganho pastoral e forte estrutura de comunhão e unidade no Regional Sul 1.

Outros bispos marcaram presença no Regional, como Dom Eduardo Koiak, que fora eleito para o exercício da Presidência, em substituição a dom Paulo Evaristo Cardeal Arns. Destaca-se a implantação das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil, na época uma proposta de consenso do Episcopado para a concretização da Pastoral de Conjunto. Além de presidente, Dom Koaik é lembrado por sua dedicação a um projeto de comunhão e de colaboração do episcopado paulista com as igrejas na Amazônia.

Dom Fernando Antonio Figueiredo, na época bispo de Santo Amaro foi presidente do Regional em duas oportunidades (1995-2003). Diversos aspectos principais, marcaram o Regional, neste período: a chegada em no estado, de um número crescente de pessoas em busca de trabalho nos proporcionou uma renovação espiritual e o surgimento de diversas pastorais, sobretudo de cunho social; a visita ad limina com o Papa João Paulo II e o Projeto O Grande Jubileu.

Por ocasião dos 25 anos do Informativo do Regional, dom Fernando escreveu um depoimento que foi publicado na edição especial. “Em vista da celebração do Jubileu do ano 2000 da Encarnação do Filho de Deus e dos 500 anos de Evangelização no Brasil, todo o Regional se mobilizou. Incentivado pelo Projeto Rumo ao Novo Milênio, da CNBB, foi lançado o Projeto o Grande Jubileu, que se tornou fonte de diversas iniciativas, visando despertar uma Nova evangelização inculturada, no mundo contemporâneo. Neste sentido, é bom recordar o fato providencial de termos podido celebrar essa data, por ocasião de nossa visita ad limina numa reunião plenária com o papa São João Paulo II, em que nos transmitiu um forte impulso missionário: É necessário sair ao encontro das pessoas, das famílias e de todos os povos para partilhar o encontro com Cristo’”.

Dom Nelson Westrupp, à ocasião Bispo de Santo André esteve à frente da Presidência de 2003 a 2011, aplicou-se as grandes diretrizes pastorais dos Sínodos Continentais – uma novidade à época – e que resultaram em modificação estrutural da Igreja no Estado de São Paulo.Os Sínodos Continentais elaborados pelo Papa João Paulo II somaram o trabalho que o Episcopado Paulista viera realizado.

Durante o período de sua presidência, acentuou-se o Projeto de Ação Missionária Permanente do Regional Sul 1 da CNBB (2004). Foi uma resposta concreta do Regional Sul 1, instrumento válido e um referencial importante para a missão permanente de evangelizar no Regional Sul 1. A finalidade foi de responder aos inquietantes desafios suscitados pelo recente “mapa religioso” do Brasil.

Também para a criação do Fórum das Pastorais Sociais do SUL 1, fora pioneiro em criar o fortalecimento de comunhão e unidade entre as Pastorais Sociais no Estado de SP.  Novas Pastorais surgem: Pastorais da Saúde e Sobriedade.

Ainda durante o período de sua presidência, destaca-se a presença do papa emérito Bento XVI, 2007, por ocasião da 5ª. Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada em Aparecida; a visita ad limina do Regional Sul 1 de 2009 e a inauguração da atual sede do Regional, em julho de 2010.

O cardeal Odilo Pedro Scherer foi Presidente do Regional Sul 1 da CNBB, de 2001 a 2015. O mandato à frente da Presidência foi pautado pela orientação do documento de Aparecida; das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e suas “urgências da ação evangelizadora”. Entre as diversas ações pastorais incentivadas ao longo deste mandato merecem destaque os eventos eclesiais e pastorais o 50º Aniversário do Concílio Vaticano II, do Ano da Fé, o acompanhamento do Sínodo sobre a Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã, a Jornada Mundial da Juventude e a assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre os desafios da família no contexto da evangelização.

Marcas da caminhada: Os esforços e as ações pastorais de todo o Regional organizado através das oito Sub-regiões Pastorais espalhadas pelo Estado de São Paulo através da realização de projetos e atividades, entre elas quatro reuniões da Comissão Episcopal Representativa, Assembleia Regional dos Bispos e a Assembleia das Igrejas Particulares.

Após a realização da Assembleia dos Bispos, prepara-se e efetiva-se a realização da Assembleia das Igrejas Particulares do Regional Sul 1. Nela, recentemente, procurou-se receber a Exortação Apostólica do Papa Francisco, sobre o amor na Família, aprofundando sua compreensão e propondo-se a buscar caminhos criativos para a ação evangelizadora e missionária da Igreja tendo como objeto de atenção a família atual em sua complexidade e também em seu mistério de manifestação do Amor de Deus.

Ainda destaca-se, dentre tantos acontecimentos marcantes, ações eclesiais realçando a dimensão da Misericórdia; da Conversão Ecológica, inspirados na Encíclica Laudato Si e nos resultados efetivos da Campanha da Fraternidade de 2016. Estes, por sua vez, fizeram surgir consequentemente, o Tema da Campanha da Fraternidade de 2017 sobre os biomas brasileiros.

Além disso, toda a ação da Presidência se deixa orientar pelas preocupações da Igreja no Brasil sobre a Iniciação à Vida Cristã, tema objeto de estudos e da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, ocorrida entre os dias 26 de abril a 5 de maio de 2017.

Prioridades pastorais: Os estudos sobre o tema na Exortação Apostólica Amoris Laetitia, com a assessoria qualificada de Dom João Bosco Barbosa de Souza, Bispo Diocesano de Osasco e Presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB, foram decisivos para que, nas Dioceses do Regional Sul 1 tivesse início uma reflexão aprofundada e consequente sobre a vida e as atividades das várias organizações pastorais, movimentos e associações, que se preocupam com as famílias, particularmente a Pastoral Familiar de nosso Regional e de nossas Dioceses.

Dentre os diversos frutos colhidos na última Assembleia das Igrejas, realizada em outubro do ano passado, através do esforço em viver a comunhão e a participação nos vários níveis de atuação das Dioceses, destacamos as propostas aprovadas, em quatro perspectivas, a saber: a formação, a conversão pastoral, os serviços e a juventude.

 O ano de 2017 está sendo dedicado para debater o tema “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade: Sal da terra e luz do mundo. Inspirados pela Assembleia Geral da Conferência Episcopal, em Sessão Reservada, os bispos escolheram o tema da 80ª Assembleia dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB: “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade: Sal da terra e luz do mundo”; o Ano do Laicato de 2018; Recepção e implicações para as dioceses do Regional Sul1. A próxima Assembleia das Igrejas, que acontecerá entre os dias 20 a 22 de outubro em Itaici, se fará em torno também do próprio Ano do Laicato à luz do documento 105 “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade: Sal da terra e luz do mundo”.

Como está organizado: Atualmente o Regional Sul 1 tem como presidente, o arcebispo metropolitano, dom Airton José dos Santos, sucedendo o cardeal Odilo Pedro Scherer (2011-2015); vice-presidente, o bispo diocesano de Mogi das Cruzes, dom Pedro Luiz Stringhini; e o secretário, dom Julio Endi Akamine, arcebispo metropolitano de Sorocaba. O secretário executivo é o Padre João Carlos Deschamps de Almeida.

O regional Sul I da CNBB (Estado de São Paulo) é composto por 43 circunscrições eclesiásticas e 6 Regiões Episcopais presentes na arquidiocese de São Paulo, sendo 6 arquidioceses e 37 dioceses. Estão articuladas em oito sub-regiões Pastorais: Aparecida, Botucatu, Campinas, Ribeirão Preto I e II, São Paulo I e II e Sorocaba. São seis arquidioceses de rito latino, 35 dioceses latinas e duas eparquias orientais: uma de rito greco-melquita e outra de rito maronita. A superfície da ação pastoral corresponde ao Estado de São Paulo com 248.021 km2, com população total de 48.520.721 habitantes. A densidade demográfica é de 195,6 hab/Km2. O PEW Research Center em 2014 detecta 61% da população brasileira católica. Isto representa perto de 30 milhões de batizados católicos no Regional paulista.

Principais publicações: A seguir, são elencadas as principais publicações ao longo da existência do Regional: Plano de Pastoral Regional Sul 1 (1968-1969); 2º Plano Bienal de pastoral do Regional Sul 1 – CNBB. (1975-1977). Editora Ave Maria; 3º Plano bienal de pastoral do Regional Sul 1 – CNBB. Paulinas, 1977; 4º Plano Regional de pastoral do Regional Sul 1 – CNBB. Paulinas, 1980; Fraternidade e violência. Paulinas. 1980; Pastoral Urbana. Paulinas, 1981; Necessidade de novos projetos sócio- econômico – políticos. Paulinas, 1981; Necessidade de novos projetos sócio- econômico – políticos II. Paulinas, 1983; Diretrizes e orientações para a Pastoral da Juventude no Estado de São Paulo, Paulinas 1985; Igreja e meios de comunicação social: palestras, experiências e debates. Suplemento especial do Jornal “Santuário de Aparecida”, 1988; As Igrejas de crentes. Editora Santuário, 1990; Síntese das reflexões da assembleia sobre a formação de futuros presbíteros. O Recado, Editora. 1989; Conclusões da Assembleia das Igrejas: Evangelizar com renovado ardor missionário. Rogate, 1992; Introdução à Pastoral Familiar: estudos, Diretrizes e subsídios pastorais. Santuário, 1990. O Brasil que queremos: alternativas e protagonistas. Vozes, 1994; A coordenação pastoral nos centros urbanos.Vozes, 1997; Projeto Regional “O Grande Jubileu”; Diretrizes e orientações para a Pastoral da Juventude do Regional Sul 1: Vida e missão. Paulinas; O Projeto de Ação Missionária Permanente (PAMP), publicado em 2004.

Texto: Renato Papis Lopes, Assessoria de Imprensa do Regional Sul 1
Arquivos de fotos:  AssesRegional Sul 1, Renato Papis Lopes, Assessoria de Imprensa do Regional Sul 1
Agradecimento: Douglas Mansur, que gentilmente cedeu as fotos para esta edição.
Padres João Carlos Deschamps e Devair Carlos Poletto que contribuíram com suas considerações.

Tags: