Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

 

“Vocação: graça e missão” 

“Corações ardentes, pés a caminho” 

Agosto é o mês vocacional na Igreja Católica que nos falar, rezar e convidar os batizados a ouvirem a voz de Deus e responderem livremente a seu convite. Também vivemos o Ano Vocacional que tem por tema: “Vocação: graça e missão” e por lema “Corações ardentes, pés a caminho”. No domingo do Dia dos Pais a nossa atenção se volta para a família cristã e o Sacramento do Matrimônio. No calendário civil celebramos o Dia das Mães separado do Dia dos Pais. Na perspectiva vocacional unimos pais, mães e filhos.  

Para falar de família cristã sempre se deve partir da base, isto é, dos sacramentos do batismo, crisma e da eucaristia. São os sacramentos comuns de todos os discípulos de Cristo, da vocação à santidade e da missão evangelizadora. Os batizados que vão ao Sacramento do Matrimônio recebem a graça especial para viverem a vida familiar. Daí nasce a compreensão de matrimônio e de família cristã. Matrimônio cristão é uma opção vocacional. 

O tema da família e do matrimônio cristão sempre fez parte da vida da Igreja. O Concílio Vaticano II, na Constituição Gaudium et Spes se dedicou a promover a dignidade e a santidade do matrimônio e da família. “A íntima comunidade de vida e de amor conjugal, fundada pelo Criador e dotada de suas leis, é instituída pela aliança conjugal ou pelo irrevogável consenso pessoal. Desse modo, do ato humano pelo qual os cônjuges se doam e recebem mutuamente, origina-se uma instituição firmada por uma ordem divina também diante da sociedade; no intuito do bem, tanto dos cônjuges e da prole como da sociedade”. (GS, nº 48). Recentemente o tema da família e do matrimônio cristão é tratado na Exortação apostólica pós-sinodal do Papa Francisco Amoris Laetitia: sobre o amor na família de 19 de março de 2016.  

Numa sociedade plural as compreensões sobre matrimônio e família são plurais. Na   Amoris Laetitia o Papa Francisco reafirma o ensinamento tradicional da Igreja presente no Concílio Vaticano II, nos ensinamentos de São João Paulo II. As três perguntas feitas aos nubentes durante o Sacramento do Matrimônio resumem o que fundamenta a família cristã: viestes aqui livre e espontaneamente para celebrar o matrimônio; amar-se e respeitar-se por toda vida; receber com amor e educar os filhos na Lei de Deus e da Igreja. Desta aliança livre e consciente nasce uma comunidade de amor e vida.  

Estamos cientes de que se deposita uma grande exceptiva sobre os casais e suas famílias. Tantas vezes, se espera deles muito mais do que são capazes de realizar, mesmo com toda a dedicação e doação. A exortação Amoris Laetitia ajuda a tratar as famílias conciliando o ideal com o real e imperfeito. Por isso a proposta prática e pastoral do Papa Francisco pode ser resumida nas seguintes palavras: acompanhar, discernir e integrar as fragilidades das famílias  

A família cristã necessita cultivar a intimidade com Deus para receber dele constantemente as graças do Sacramento do Matrimônio para serem fiéis um ao outro, viver na alegria e na tristeza, na saúde e na doença todos os dias da vida. Por isso, a Amoris Laetitia termina com a “Oração à Sagrada Família”: Jesus, Maria e José, em vos contemplamos o esplendor do verdadeiro amor, confiantes, a Vós nos consagramos. Sagrada Família de Nazaré, tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração, autênticas escolas do Evangelho e pequenas Igrejas domésticas. Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias episódios de violência, de fechamento e de divisão: e quem tiver sido ferido ou escandalizado seja rapidamente consolado e curado. Sagrada Família de Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do caráter sagrado e inviolável da família, da sua beleza no projeto de Deus. Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei da nossa súplica. Amém. 

 

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