Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Jesus, depois de um debate tenso e acalorado com fariseus e alguns mestres da Lei, profere esta sentença: “Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”. (Marcos 7,1-23) Moisés já havia advertido o povo dizendo: “Nada acrescenteis, nada tireis, à palavra que vos digo, mas guardai os mandamentos do Senhor vosso Deus que vos prescrevo”. (Deuteronômio 4,1-8) Seja por incompetência, limitação de compreensão ou por interesses implícitos e maldosos o ser humano consegue manipular o que há de mais perfeito, puro e sábio. O mandamento de Deus também é manipulado e rebaixado em tradição humana.
Moisés transmitiu, aos seus guiados, o mandamento de Deus. Jesus confirmou o mesmo mandamento. Porém seu maior desafio foi resgatar a originalidade do mandamento, que com o passar dos anos, foi sendo ofuscado pela tradição humana, tanto no sentido religioso e ritual, como em normas morais e costumes, às vezes até discriminatórios. Hoje, esta é uma missão de todos os batizados, mas é exercida de modo muito especial pelos catequistas na Igreja. Dentro do mês vocacional, neste domingo, salientamos o ministério dos catequistas.
Falar de catequistas imediatamente vem à mente catequese. Qual o sentido desta palavra? O que significa catequizar? O sentido original da palavra aponta que “é fazer ecoar aos ouvidos”. Eco só existe depois da emissão de um som. Catequizar é fazer ecoar o Evangelho de Jesus Cristo na vida de quem escuta. É fazer ecoar o mandamento de Deus em meio a tantas vozes que também esperam repercussão. Todas as propagandas são repetidas para ecoarem e gerarem atitude. Da mesma forma, a catequese pretende ecoar na mente e no coração o mandamento de Deus e gerar atitudes coerentes com o ensinamento.
No dia 10 de maio, o Papa Francisco na carta Apostólica “Ministério Antigo” institui o Ministério do Catequista. Ele existe em toda a história da Igreja. Foi e é exercido, como assinala o papa, por uma “multidão incontável de leigos e leigas” e também por bispos, padres, diáconos, religiosas e religiosos. Na história da Igreja temos muitos catequistas que são mártires. Foram mortos por causa daquilo que transmitiram aos catequizandos.
Diz o papa que “o catequista é, ao mesmo tempo, testemunha da fé, mestre, mistagogo, acompanhador e pedagogo que instrui em nome da Igreja. Uma identidade que só mediante a oração, o estudo e a participação direta na vida da comunidade é que se pode desenvolver com coerência e responsabilidade”. Fiéis leigas e leigos com “uma madura experiência prévia de catequese”, recomenda o papa, sejam instituídos no Ministério da Catequese.
O passar dos séculos vai provocando profundas mudanças na vida das pessoas e povos. Neste contexto de coisas que passam o catequista apresenta o Evangelho, o mandamento de Deus que vai ao encontro do que é essencial no ser humano e para a convivência fraterna entre os povos. No árduo diálogo de Jesus com os que questionavam seus discípulos e a Ele, a resposta vai nesta direção. Vocês de preocupam com ritos externos, provisórios e passageiros e elementos culturais. O que vale em qualquer época da humanidade é aquilo que é essencial e que sai de dentro do coração. Do coração pode sair o que há mais nobre que é amar. Também sai o que há de mais perverso. Jesus exemplifica: “pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem”.
Deus abençoe nossas catequistas e nossos catequistas que fazem ecoar o Evangelho nos ouvidos e no coração dos catequizandos.