Fazer o sertão florir

Eu tenho um sonho. Um sonho do tamanho da floresta amazônica.

Na minha primeira viagem pela Rio-Bahia na região de Jequié fiquei impressionado com tanta terra ociosa na beira da estrada. Passei a falar mal dos fazendeiros que não plantam e não deixam os outros plantar. Depois pensei que seria melhor fazer alguma coisa, em vez de criticar os que não fazem nada.

Procurei mostrar a esses fazendeiros como se faz para fazer a terra produzir. Ainda não consegui convencer ninguém, ficando sempre no prejuízo com tudo que tentava plantar nesta região onde nunca se sabe se vai colher alguma coisa. Agora, porém, depois de muitas tentativas frustradas, estou vendo um caminho para superar as dificuldades do clima.

Para não ficar sonhando sozinho, quero partilhar meu sonho com outros sonhadores. Muitos estão acordando para o drama que o aquecimento global está preparando para nosso século, mas poucos estão fazendo alguma coisa além de tentar economizar um pouquinho de energia e de água.

O Brasil é um dos países que mais estão contribuindo para o aquecimento global, mas assumiu o compromisso de reduzir a queima de florestas. Está na hora de fazer algo mais: Implantar moratória rigorosa contra queimadas e contra qualquer desmatamento predatório.

Podemos mais. Podemos reflorestar áreas degradadas, plantar florestas no semiárido para evitar a desertificação e produzir madeira e carvão para diminuir a pressão da demanda sobre a floresta amazônica.

A Amazônia vai despertar cada vez mais a cobiça do mundo. Se o Brasil não cuidar do seu desenvolvimento sustentável, outros vão querer tomar conta. Podem apresentar-se até disfarçados em defensores dos índios e das florestas.

Tal desenvolvimento requer um freio na expansão da agropecuária em áreas de florestas ainda preservadas, mas inclui um aproveitamento racional dos recursos hídricos e minerais.

Irrigar, sim, desperdiçar água, não.

O século passado foi de guerras e de regimes opressores que mataram muitos milhões. Neste século, além de conflitos regionais de difícil solução, temos a combinação explosiva do aumento da população mundial e do padrão de vida de bilhões de pessoas. Aumenta o consumo de água, energia e alimentos, muito acima da capacidade de reposição   planeta terra.

Para piorar, o aquecimento global e as mudanças climáticas afetam a produção, especialmente em regiões tropicais pouco desenvolvidas. Novas guerras podem surgir, entre a prepotência de nações que pretendem aumentar ainda mais o seu consumo, e o desespero de bilhões de famintos em regiões de condições climáticas cada vez piores.

Na disputa por terra e por água, o dilema vai estar entre a produção de alimentos e a produção de energia, e também entre usinas hidroelétricas e projetos de irrigação. O maior consumo de água, e também o maior desperdício, acontece na agricultura irrigada.

Para colocar uma camada de um centímetro de água num metro quadrado de terra são necessários dez litros de água.  Para um hectare, cem mil litros, cem metros cúbicos de água. O problema é que essa quantidade de água vai embora evaporando, num só dia de sol de verão tropical. Num solo ressecado, chuvas rápidas nem chegam à raiz de plantas pequenas, muito menos à raiz pivotante de árvores. Nos métodos atuais de irrigação, a maior parte da água se perde por evaporação, em vez de ser aproveitada pelas plantas. É por isso que são necessárias irrigações freqüentes.

Meu novo método de irrigação consegue evitar tal desperdício. Com isso fica possível encher de florestas o sertão e o cerrado e diminuir a pressão da demanda por madeira e carvão sobre o que ainda resta de floresta no país.

Assim podemos criar empregos no campo e apoiar a agricultura familiar, diminuindo o êxodo rural e a proliferação de favelas. E aumentar a contribuição do Brasil para diminuir o aquecimento global com suas consequências desastrosas.

Como?  Reduzindo para um centésimo o desperdício de água, fazendo furos para deixar na profundidade adequada as águas de irrigação e de chuva. Pode ver explicações no meu Blog: www.domcristiano.com.br, com filminho no youtube para quem quer ver para crer.

Dom Cristiano Krapf

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