Jesus deu a missão a seus discípulos de serem luz para a humanidade. Não basta uma adesão a Ele manifestada nos atos religiosos de devoção ou demonstração de fé. É preciso que os frutos disso tenham efeito e estímulo de encaminhamento de vida de sentido para todos. A lâmpada, no exemplo apresentado pelo próprio Mestre, não serve se for colocada em lugar escondido. É preciso de lugar de destaque para iluminar a todos.

O Apóstolo Paulo, exemplo de luz na perspectiva cristã, incentiva os seguidores de Jesus a serem, de fato, pessoas de transparência do bem e das virtudes cristãs (1 Ts 5, 4-6), tão necessários na vida familiar, comunitária e social. A coerência de vida com a afirmação da fé leva a exemplaridade motivadora para os outros. O exemplo arrasta, a partir dos pais em relação aos familiares.

Conforme textos do Concílio Vaticano II, o da Gaudium et Spes (Alegria e Esperança), por exemplo, o papel dos cristãos na transformação da sociedade é urgente e de fundamental importância. A justiça social é requerida para a melhor prática da caridade ou do amor. O bom serviço da família, da escola, da mídia e da política deveria ser incentivado melhor por todos os que têm o sentido da ética e do amor apresentado pelo Filho de Deus. Muitas vezes, na falta de informações e de sentido crítico adequado, muitos vão se conformando e aceitando ensinamentos e comportamentos que lesam valores inerentes à dignidade da vida e da pessoa humana.

O poder econômico, muitas vezes imbuído de espírito materialista e com voracidade pelo ganho, impõe-se como regra ou parâmetro sobre o bem e o mal. Precisamos cultivar, no entanto, a base de sustentação de valores para realmente sermos humanos na história. O mundo é composto de minorias que detêm o que deveriam ser de benefício de inúmeras pessoas espoliadas até do mínimo para viverem dignamente.

Na parábola dos talentos, Jesus ensina a necessidade de trabalharmos com a vida, desenvolvendo as capacidades e usando bem as possibilidades para realizarmos o bem, com frutos para nós mesmos e toda a comunidade (conferir em Mt 25, 14-30). Os efeitos de nosso esforço para colaborarmos com a ação de Deus em nós são percebidos pelos circundantes. Mesmo a parábola da árvore boa, com frutos bons, vai nesta mesma direção.

Felizmente temos, na sociedade, verdadeiros pára-raios, que neutralizam a maldade dos que quase só pensam em si e, não, raro, com o dano dos outros. Isto acontece até no uso da terra, muitas vezes danificada para o proveito de poucos. Mesmo o agronegócio, feito de modo predador e concentrador, coopera para isto.

Quem tem formação da personalidade para desenvolver os próprios talentos com hipoteca social é capaz de progredir, sendo luz ou fazendo o bem à sociedade e ao meio ambiente. Caso contrário, sua luz é embutida para dentro do próprio egoísmo. A riqueza é boa, mas bem usada para um serviço especial ao bem comum. Jesus diz. “A todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância” (Mt 25, 29).

Dom José Alberto Moura

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