Após a ressurreição, os apóstolos e demais discípulos de Jesus foram instruídos por Ele a testemunharem sua ressurreição, base da fé. Em vista disso, os cristãos não tiveram medo de testemunhar, na prática da convivência com pagãos, sua pertença ao rebanho de Cristo, juntamente com o ensino do Evangelho. Muitos aderiram à fé. Outros a criticavam e perseguiam quem anunciava o Reino de Deus.

Em uma sociedade pluralista como a de hoje, há certas lideranças intelectuais, políticas, jurídicas e outros que querem implantar a lei para todos em base ao materialismo, hedonismo e conveniências permissivas, a título de secularidade do Estado. Na realidade, nessa atitude, o respeito às religiões e às opções individuais e de grupos não é contemplado na condução da coisa social, pois, carecem de muitos valores éticos e inerentes à pessoa e à dignidade humana, incluindo sua cultura. O Estado deve ser laico mas não laicista, isto é, não pode ser regido por uma religião, mas deve respeitar os valores religiosos de todas, priorizando os de embasamento na própria dignidade da vida e da pessoa humana. Nesse aspecto, por exemplo, não se pode tirar a vida de um embrião indefeso. O problema não é simplesmente religioso como ético!

Para se seguirem os valores da própria fé, orientados por quem tem autoridade para explicitá-los em cada religião, é preciso haver o respeito e obediência da pessoa fiel aos seus ditames. Querer, por exemplo, dizer-se de um time e lutar contra ele, ou mesmo não querer seguir as orientações do técnico, não é razoável. Por isso mesmo, os cristãos, após a ressurreição de Jesus, não abriam mão do testemunho e do ensino de seus valores baseados na fé. Não seria para menos. Não se tratava de seguirem um simples líder religioso, fundador de uma nova religião humana. Dizia respeito à fé em quem tinha mostrado o poder de Deus, com a própria ressurreição! Não se importavam em não serem compreendidos, ridicularizados, perseguidos e até martirizados. A convicção da verdade baseada em Deus leva a pessoa a não abrir mão de sua convicção de fé. Há quem mostra a fé em pessoas e coisas relativas e até vira fanático em sustentá-la, tornando-se irracional. A fé no Ressuscitado é diferente: baseia a conduta da pessoa que se torna a mais razoável em querer, no equilíbrio do amor, evidenciar o sentido e a razão da vida sedimentados na certeza do caminho a seguir indicado por Deus. O próprio apascentador da Igreja instituída por Jesus, Pedro, ensina que é preciso obedecer a Deus antes que aos homens.

Se todos obedecessem a Deus saberiam conviver de modo a respeitar os valores humanos na perspectiva do Criador. Fariam desta terra uma convivência de pessoas mais razoáveis, que não se deixariam conduzir pelos apetites instintivos como finalidade de vida. Não atuariam como se a felicidade fosse busca pura e simples do que convém no momento aos caprichos do prazer. Pelo contrário, procuram a conquista de um ideal maior de vida, levando-as a superar o próprio egoísmo e a respeitar os valores baseados na ética e na perspectiva transcendente. Quem tem o caráter bem formado pratica a justiça, o amor, o respeito a valores da dignidade da vida, do sexo, da família e do bem comum. Não se deixa intimidar por oposições contrárias aos mesmos. Não esmorece por ver até pessoas que defendem os mesmos valores mas agem de modo contraditório a eles. Não se deixa abalar na fé por ela ser baseada não no humano, sujeito a falhas, mas no divino, que lhe dá a certeza da vitória. A última palavra da vida é a verdade, baseada na de Deus!

Dom José Alberto Moura

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