Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Caros diocesanos. No oitavo capítulo da Fratelli Tutti o Papa Francisco lembra que as religiões oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e para a defesa da justiça na sociedade. A razão é capaz de ver a igualdade entre os homens e estabelecer uma convivência cívica entre eles, mas não consegue fundar a fraternidade. O não reconhecimento da verdade transcendente faz triunfar a força do poder, e cada um tende a aproveitar-se ao máximo dos meios à sua disposição para impor o próprio interesse ou opinião, sem atender aos direitos do outro. Por isso a Igreja recomenda aos ministros da religião não fazer política partidária, mas eles não podem renunciar à dimensão política da existência: “Queremos ser uma Igreja que serve, que sai de casa, que sai dos seus templos, que sai das suas sacristias, para acompanhar a vida, sustentar a esperança, ser sinal de unidade (…) para lançar pontes, abater muros, semear reconciliação” (FT 276). As culturas e religiões são diferentes, mas as coisas que temos em comum são tantas e tão importantes que é possível individuar uma estrada de convivência serena, ordenada e pacífica, na aceitação das diferenças e na alegria de sermos irmãos, porque filhos de um único Deus. Segundo o Papa, o mandamento da paz está inscrito nas profundezas das tradições religiosas que nós representamos. Cada um de nós é chamado a ser um artífice da paz, unindo e não dividindo, extinguindo o ódio em vez de o conservar, abrindo caminhos de diálogo em vez de erguer novos muros. Queremos retomar sempre o apelo à paz, à justiça e à fraternidade, pois é preciso ver todo ser humano como um irmão, uma irmã.
O Papa conclui a Encíclica Fratelli Tutti, com duas orações:
Oração ao Criador:
Senhor e Pai da humanidade,
que criastes todos os seres humanos com a mesma dignidade,
infundi em nossos corações um espírito fraterno.
Inspirai-nos o sonho de um novo encontro, de diálogo, de justiça e de paz.
Estimulai-nos a criar sociedades mais sadias e um mundo mais digno,
sem fome, sem pobreza, sem violência, sem guerras.
Que o nosso coração se abra a todos os povos e nações da terra,
para reconhecer o bem e a beleza que semeastes em cada um deles,
para estabelecer laços de unidade, de projetos comuns, de esperanças compartilhadas. Amém.
Oração Cristã Ecumênica:
Deus nosso, Trindade de amor, a partir da poderosa comunhão da vossa intimidade divina infundi no meio de nós o rio do amor fraterno.
Dai-nos o amor que transparecia nos gestos de Jesus, na sua família de Nazaré e na primeira comunidade cristã.
Concedei-nos, a nós cristãos, que vivamos o Evangelho e reconheçamos Cristo em cada ser humano, para O vermos crucificado nas angústias dos abandonados e dos esquecidos deste mundo e ressuscitado em cada irmão que se levanta.
Vinde, Espírito Santo! Mostrai-nos a vossa beleza refletida em todos os povos da terra, para descobrirmos que todos são importantes, que todos são necessários, que são rostos diferentes da mesma humanidade amada por Deus. Amém.
