A Campanha da Fraternidade deste ano trata da Segurança Pública, e a Igreja Católica lança o desafio a todos, particularmente aos cristãos, de refletir e buscar os meios para combater a violência, que cresce de forma assustadora e atinge todas as famílias. O tema desta Campanha é “Fraternidade e segurança pública”, e o lema: “A paz é fruto da Justiça”.
Pode parecer que o tema da segurança pública seja apenas dever do Estado e que a Igreja ao tratar deste assunto estaria se metendo num campo que não é de sua competência. Não é bem assim porque o tema da segurança está ligado ao tema da dignidade da pessoa humana e a Igreja não é indiferente ao bem das pessoas e da sociedade em geral. Ela promove junto com todas as forças sociais e instituições públicas o bem comum.
Diante de um quadro assustador e preocupante, a Igreja no Brasil quer discutir a segurança pública com objetivo de chamar atenção da sociedade, mostrando que todos são responsáveis, a começar pelas autoridades para que tomem medidas urgentes de combate aos promotores da violência.
O Documento de Aparecida com muita lucidez apresenta as causas da violência que se reveste de várias formas que tem diversos agentes como “o crime organizado e o narcotráfico, grupos paramilitares, violência comum sobretudo na periferia das grandes cidades, violência de grupos de jovens e crescente violência intra-familiar. Suas causas são múltiplas: a idolatria pelo dinheiro, o avanço de uma ideologia individualista e utilitarista, a falta de respeito pela dignidade de cada pessoa, a deterioração do tecido social, a corrupção inclusive nas forças de ordem e a falta de políticas públicas de equidade social” (DAp n. 78).
Não se sustenta a idéia que a segurança pública é policia matando bandido porque o problema é muito mais amplo e diz respeito aos valores que orientam a nossa sociedade onde a mentalidade “individualista e utilitarista” é o pressuposto para qualquer forma de violência. Ao mesmo tempo é necessário ter uma policia preparada, vigilante, não violenta com os fracos e leniente com o crime. Sobretudo não é admissível um poder paralelo ao poder do Estado; por isso devem ser saudadas as iniciativas de liberar as cidades e, particularmente as favelas, do domínio do tráfico.
Nesta ação é preciso investir, sobretudo na Educação e na defesa da família, como no Esporte e na Cultura para que os jovens possam ter uma formação integral e ser os protagonistas de uma cultura da paz. As Paróquias podem convocar, onde for possível, uma conferência de segurança pública no seu território indicando o que é mais urgente e não se sentir fora de uma proposta de esperança para todos. Ao mesmo tempo para este primeiro domingo de Quaresma em toda a Diocese de Petropolis, como em outras dioceses, está sendo feita uma coleta suplementar de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular “Ficha Limpa” que inclui hipóteses de inelegibilidade para encargos públicos, que visam proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato. É de grande importância para a questão da segurança pública a formação e, particularmente nesta fase, o incremento em todas as dioceses de comitês do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE).
Existe uma relação profunda entre a verdade, a justiça e a paz. A Igreja contribui para iluminar a verdade da nossa vida; sem verdade não há justiça nem paz e reina a violência de indivíduos e grupos. A Quaresma é tempo de atenção à verdade, para realizar a justiça e construir a paz. Diante da crise econômica o Papa sugere a todos um estilo de vida sóbrio com uma atenção particular a quantos em são mais atingidos pela dificuldade deste momento. Este é também o sentido do jejum: “Escolhendo livremente privar-nos de algo para ajudar os outros, mostramos concretamente que o próximo em dificuldade não nos é indiferente”. Conversão ao Senhor e abraço ao outro andam juntos na construção da segurança e da paz.