Dom Edney Gouvêa Mattoso,
Bispo Emérito de Nova Friburgo

Caros amigos, no último dia 22 de janeiro o Santo Padre aceitou meu pedido de renúncia ao governo da Diocese de Nova Friburgo. Louvo a Deus por ter me concedido a alegria de ter estado à frente desta tão amada e querida parcela do Povo de Deus por 10 anos. 

Ao iniciar esta nova etapa de minha vida, alicerço meus passos na certeza de que Aquele que nos chama, nos fortalece e nos conduz para águas mais profundas (cf. Lc 5, 1-11) e renovo a alegria do meu Sim vivido inteiramente ao Seu serviço. 

Servir a Deus é uma grande alegria para a alma, pois fomos criados para esta finalidade. Diz o Salmo 21: “Desde a minha concepção me conduzistes, e no seio maternal me agasalhastes. Desde quando vim à luz vos fui entregue; desde o ventre de minha mãe sois o meu Deus!” (v. 10-11). 

Neste artigo, que encerra este ciclo de publicações, faço memória de todos aqueles que marcaram minha caminhada. Meus pais, meus primeiros amigos e catequistas, que sem o seu sim à vida e a Deus, eu não conheceria os caminhos do Senhor. 

Com particular carinho lembro o saudoso Eminentíssimo Dom Eugênio de Araújo Cardeal Sales, Bispo que me ordenou sacerdote, homem de entrega dedicada e sem reservas ao serviço do Reino. Com ele aprendi muito mais do que ser Bispo, aprendi e esforço-me por ser um bom discípulo do Mestre. 

O que hoje motiva minha alegria são especialmente duas coisas. Primeiro, lembro-me com gratidão que pude trabalhar com todo empenho pelo Evangelho, esta causa mais sublime de Deus. Em segundo lugar por ter lutado, em inúmeras ocasiões em defesa da verdade e da justiça. Anunciando o magistério da Igreja, nas mais diversas áreas da sociedade. Denunciando os crimes contra a dignidade humana e contra o Bem comum, defendendo a escola cristã, os direitos e dignidade da mulher, cuja nobreza é a dignificação da sociedade humana, o valor da família como escola primordial do amor e da alegria e única fonte verdadeira do futuro de um país. 

Não poderia jamais deixar de agradecer ao Jornal “A Voz da serra”, bem como todos os canais de comunicação social, que, abrindo espaço, permitiram a reverberação de minhas mensagens. Aos leitores, cujo interesse animou e gratificou este trabalho. 

Coloco também diante de Deus os meus mais profundos agradecimentos ao clero desta amada Diocese, que com zelo e competência, ajudaram nos meus esforços de conduzir esta parcela do Povo de Deus. E ao queridíssimo Povo espalhado pelos 19 municípios que compõem a Diocese de Nova Friburgo, que me acolheu com tanto carinho, manifestando amor e  em cada celebração. 

 

O pedido de perdão também faz parte desta reflexão, pois sei que quando o Senhor me escolheu, não foi por ser perfeito, mas porque Ele próprio queria fazer em mim uma obra nova. Quantas vezes precisei me arrepender e repensar minhas decisões, sentar-me e aprender, reconsiderar e retificar! Mas por tudo isso louvo a Deus, que foi o meu mestre paciente e exigente em cada passo. Anima-me as palavras do salmista: “Para mim foi muito bom ser humilhado, porque assim eu aprendi vossa vontade! A lei de vossa boca, para mim, vale mais do que milhões em ouro e prata. Vossas mãos me modelaram, me fizeram, fazei-me sábio e aprenderei a vossa lei!” (Sl 118.71-73). 

Por fim, lembrando o ensinamento de Nosso Senhor digo: Sou um servo inútil, fiz o que deveria fazer (cf. Lc 17, 10). A Ele toda honra e toda glória! 

Com esta última mensagem, a voz deste pastor se cala para que um outro Bispo, em um futuro próximo, possa continuar fazer chegar a todos a voz do único e supremo Pastor de todos nós: Jesus Cristo! 

Deus os abençoe e os guarde em seu amor. 

 

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