Igreja e Questão Agráfia no Início do século XXI

“É um direito da Igreja Evangelizar o social”; aliás, “este direito é, ao mesmo tempo, um dever, pois a Igreja não pode renunciar a ele sem se desmentir a si mesma e à sua fidelidade a Cristo” e “pela relevância pública do Evangelho e da fé e pelos efeitos perversos da injustiça, vale dizer, do pecado, a Igreja não pode ficar indiferente às vicissitudes sociais”, afirma o nº 71 do Compêndio da Doutrina Social da Igreja.

É com este intuito que foi apresentada à aprovação da 48ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em maio de 2010, a proposta de publicação deste estudo sobre a questão agrária no Brasil. Problema com raízes no século XVI, até hoje sem a devida solução.

Não é a primeira vez que a Igreja no Brasil se debruça seriamente sobre esta temática, seja através da CNBB, seja através de variadas manifestações e debates em suas diversas instâncias ou de apoios a iniciativas em defesa da vida digna para todos, no campo e na cidade.

Neste, como em outros temas, não são as diferenças de posicionamentos que produzem as maiores dificuldades. As diferenças refletem a liberdade da reflexão e a possibilidade de avanço na compreensão crítica e na definição de melhores ações transformadoras que contribuam efetivamente para a redução das profundas desigualdades sociais. O que não podemos é fugir ao debate nem nos omitirmos diante dos clamores do povo pobre, que mais sofre diante dos conflitos no campo e fora dele, e da falta de uma adequada política agrária.

O texto que agora apresentamos não é um Documento da CNBB. Trata-se de um Estudo, fruto do trabalho sério de um grupo de especialistas e de pastores, responsáveis e comprometidos com a causa dos menos favorecidos, enriquecido pelas contribuições dos Bispos, de assessores (as), secretários (as) executivos (as) dos Regionais e representantes de organismos da Igreja no Brasil, presentes na 48a Assembléia Geral da CNBB. Sua publicação tem a finalidade de suscitar o debate e colher sugestões e críticas, tendo em vista o seu aperfeiçoamento. Gostaríamos, portanto, que esse Estudo fosse discutido nas diferentes instâncias da Igreja e da sociedade civil, e que as contribuições fossem enviadas para o e-mail afro@cnbb.org.br, ou para o endereço da CNBB, aos cuidados do Pe. Ari Antônio dos Reis, para serem analisadas e, conforme o caso, incorporadas ao texto.

Agradeço vivamente a todos e todas que colaboraram na elaboração do presente Estudo, feito a muitas mãos. Na esperança de que virá o dia em que a terra será de vida e de paz para todos, confiamos esses esforços aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, mãe e padroeira do Brasil.

Brasília, 10 de agosto de 2010
Festa de São Lourenço, Diácono e Mártir

Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB

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